Mais do que uma nova legislação, a Diretiva de Reporte Corporativo de Sustentabilidade (CSRD) da União Europeia, é a resposta do legislador ao problema premente que são as alterações climáticas, mas não só: é também uma oportunidade de transformar o mindset empresarial referente à sustentabilidade. Deixar de ser algo que é necessário fazer porque é uma obrigação legal, mas transformar este valor que é a Sustentabilidade num factor de eficiência e diferenciação do tecido empresarial europeu. Num mercado global, onde as empresas necessitam reforçar as relações com todos os stakeholders e penetrar em novos mercados, a adoção de práticas sustentáveis posiciona-as como líderes inovadoras no seu sector e não apenas como resposta aos desafios ecológicos e sociais.

Todos sabemos que para podermos alterar algo, primeiro necessitamos de saber em que ponto nos encontramos, e esta transformação tem por base a nossa capacidade de medir o nosso impacto. A CSRD tem por base a lógica do Record, Report, Act.

Analisando um pouco mais estas 3 etapas, podemos concluir que:

  • O primeiro passo para obter uma visão clara do impacto ambiental actual é proceder ao registo detalhado das emissões de carbono, consumo de recursos, desperdício, poluição, etc. Para além de ser um processo com a finalidade de obedecer à conformidade regulatória, é também importante para estabelecer uma base de dados sólida, sobre a qual as empresas podem construir uma estratégia de sustentabilidade eficaz;
  • O segundo passo está no reporte transparente das medições, não apenas para reforçar o compromisso da empresa com práticas sustentáveis, mas também para elevar a sua reputação e credibilidade no mercado. É cada vez mais valorizada por clientes, sabemos que hoje 79% dos consumidores incorporam o comportamento da empresa para com a Sustentabilidade no seu processo de decisão de compra, estima-se que até ao final de 2025 50% de todos os ativos geridos de forma profissional o serão segundo as normas ESG, bem como cerca de 90% dos trabalhadores consideram que os esforços que as empresas para qual trabalham, levam a cabo a nível da sustentabilidade aumenta a sua satisfação com o trabalho, desta forma podemos ver como é importante a transparência na comunicação das iniciativas e resultados em sustentabilidade;
  • Por último, e não menos importante, está a atuação com base nos resultados obtidos. Esta análise permite que as empresas implementem mudanças na sua forma de atuação, que conduzam à redução do seu impacto ambiental e introduzindo novas formas e/ou práticas de sustentabilidade nos seus produtos e serviços. Este passo é fundamental para que as empresas compreendam como transformar desafios ambientais em oportunidades de negócio e liderança no mercado.

As empresas sabem que decisões estratégicas para serem bem-sucedidas devem assentar em informação fidedigna e de qualidade, sabemos que hoje isso é impossível sem recorrer à tecnologia, esta com as constantes inovações e desenvolvimentos, tem vindo a permitir que quem investe em tecnologia consegue ser mais bem-sucedido do que quem não o faz.

Alguns exemplos destas tecnologias são os sistemas de informação geográfica, big data e inteligência artificial, que contribuem de forma decisiva na capacidade da sociedade em gerir e melhorar o seu impacto ambiental.

É de extrema importância que as empresas reconheçam a CSRD não como mais uma obrigação, mas sim como um catalisador de inovação e crescimento. As empresas devem adotar uma postura proactiva referente à sustentabilidade, e integrá-la nos seus processos de negócio, desta forma estão a dar um passo significativo não só relativamente à sua concorrência, mas sim a responder também ao seu papel na sociedade, estabelecendo-se como Líderes responsáveis e criando uma onda de impacto positivo no tecido empresarial e no mundo.

Este novo paradigma exige, por isso, uma liderança disposta a abraçar os desafios que a CSRD cria mas também as novas oportunidades. As lideranças devem procurar ter a capacidade de antecipar o futuro, estabelecer metas de acordo com os valores e missão das empresas, ao mesmo tempo que percebem o seu papel na sociedade e a sua importância, não existe sociedade sem empresas, mas também não existe empresas sem sociedade, é importante cuidar desta simbiose, em contínua mutação.

Em jeito de resumo, devemos ver o CSRD como o framework necessário para que o futuro das próximas gerações não seja posto em causa, e que juntos caminhemos para um futuro mais sustentável e mais próspero.

Filipe Silva | Sustainability SAP Consultant | valantic