A indústria de bens de grande consumo (FMCG) na Europa enfrenta desafios significativos, segundo avança o “Europe’s Consumer Goods Industry Barometer 2023”, da European Brands Association (AIM), em colaboração com a Centromarca. O estudo, que abrangeu 327 fabricantes em 22 países, incluindo Portugal, destaca a inflação, a escassez de mão de obra e as disrupções na cadeia de abastecimento como os principais obstáculos.
A inflação continua a ser uma preocupação central, com 94% dos fabricantes a registarem aumentos de custos. Os principais fatores incluem mão de obra, transporte e matérias-primas. Cerca de 73% dos fabricantes refletiram esses aumentos em preços mais altos junto dos retalhistas, enquanto 20% optaram por absorver os custos sem alterar os preços.
Na lista continuam os “Desafios de Abastecimento”, com 88% das empresas inquiridas a relatarem dificuldades em abastecimento, fornecimento ou produção no último ano; o “Aumento de Custos”, com sete em cada dez empresas a serem forçadas a incorporar aumentos de custos relacionados com mão de obra, transporte, logística e matérias-primas; bem como a “Pressão sobre os Preços”: 22% dos fabricantes notaram que os retalhistas aumentaram os preços dos produtos acima dos aumentos que tiveram de incorporar.
Ajustes operacionais e cortes de investimento
De acordo com os resultados do inquérito, as dificuldades de abastecimento levaram a ajustes significativos por parte dos inquiridos. A saber:
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58% enfrentaram desafios na obtenção de matérias-primas;
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35% reduziram ou cortaram a produção;
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36% dos fabricantes cortaram investimentos em I&D;
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38% diminuíram o investimento de capital (CAPEX);
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12% reduziram a força de trabalho para manter a competitividade.
Apesar das condições desafiadoras, Michelle Gibbons, Diretora-Geral da AIM, afirma que a indústria continuará a resistir. “As nossas marcas estão presentes em quase todos os lares europeus, e o consumo doméstico representa 51% do PIB da UE. É crucial compreender o nosso papel no estímulo da economia”, destaca.
Pedro Pimentel, Diretor-Geral da Centromarca, por seu turno, acrescenta que, embora existam sinais positivos em Portugal, é necessário continuar a investir em inovação e qualificação profissional para assegurar a competitividade: “o barómetro europeu espelha algumas das dificuldades que o setor enfrenta, ainda que em Portugal comecemos a observar sinais económicos positivos que nos permitem encarar o futuro com algum ânimo. A resiliência das nossas marcas é inquestionável, mas face às disrupções na cadeia de abastecimento, à inflação e à falta de mão-de-obra qualificada, temos de continuar a investir em inovação, digitalização e qualificação profissional por forma a assegurar a competitividade das empresas portuguesas e o crescimento sustentável do setor.”
O inquérito revela que 17% dos fabricantes viram as suas vendas cair, 23% reportaram diminuição nos lucros e 31% perderam quota de mercado, o que segundo a fonte exige resiliência e adaptação contínua por parte das empresas do setor de grande consumo na Europa.