O Grupo Smartlog, que fornece soluções de intralogística, deu entrada recentemente no mercado português. Segundo Pedro Santos, West Iberia Area manager da Smartlog Group, e Beñat Irazustabarrena, Europe business director da Smartlog Group, o balanço até agora é positivo, visto que já têm vindo a desenvolver projetos para empresas que requisitam os serviços da Smartlog. Na visão dos responsáveis, o mercado da intralogística está a passar por desafios que, numa outra ótica, podem ser encarados também como oportunidades.

 

SCM – A Smartlog entrou recentemente em Portugal. Qual o balanço da atividade até ao momento?

Pedro Santos e Beñat Irazustabarrena – A recetividade do mercado está a ser excelente, pois uma vez que oferecemos a integração de todo o tipo de tecnologias. Não estamos dependentes apenas de uma tecnologia ou uma marca, e estamos muito focados na robótica móvel, tanto ao nível de caixas como paletes e movimentação das mesmas, com software próprio. Era algo que o mercado português necessitava. Contudo já tínhamos alguns projetos a decorrer em Portugal antes da nossa entrada oficial, os quais surgiram por referência de outras instalações já existentes em Espanha.

Somos uma empresa independente de engenharia intralogística que proporciona valor através de uma análise exaustiva das necessidades logísticas das empresas. Esta abordagem consultiva e estratégica permite-nos conceber soluções personalizadas, inovadoras, flexíveis e escaláveis. Neste curto espaço de tempo em Portugal, assistimos a um interesse crescente das empresas locais, que reconhecem a importância de otimizarem as suas operações logísticas. Este interesse confirma a relevância das nossas soluções para um mercado que procura não só eficiência, mas também uma visão de futuro na gestão da sua intralogística.

As empresas cada vez mais nos solicitam para analisarmos a sua operação logística, e podermos desenvolver um projeto de consultoria e apresentação de um projeto integral intralogistico.

Quais os desafios do mercado português? E como pretendem superá-los?

A intralogística está a enfrentar desafios cada vez mais complexos: a crescente diversidade de produtos, a personalização dos pedidos, e o aumento das devoluções exigem armazéns mais flexíveis e eficientes. Além disso, fatores como a inflação, o aumento dos custos operacionais, as tensões na cadeia de fornecimento e a necessidade de adotarem práticas mais sustentáveis exercem uma pressão significativa sobre as empresas. A redução da pegada de carbono, a otimização dos recursos e a realização de transações mais eficientes sem comprometer o ambiente tornaram-se uma prioridade estratégica. Num ambiente dominado pelo omnicanal, a coordenação entre o e-commerce e retalho físico exige uma integração logística cada vez mais avançada.

No caso específico de Portugal, o mercado apresenta desafios adicionais, tais como um menor retorno do investimento devido às diferenças nos custos laborais e de espaço em comparação com outros países europeus. Além disso, as empresas devem adaptar-se rapidamente à evolução da operação num contexto em que o armazenamento tradicional de paletes está a dar lugar ao armazenamento em caixas, impulsionado por pedidos mais pequenos e mais variados.

A nossa estratégia centra-se numa abordagem “global mas local”: atuar a partir de uma perspetiva global, mas adaptando as nossas soluções às especificidades locais. Cobrimos todo o fluxo logístico, desde a receção até à entrega das mercadorias, independentemente do setor ou da complexidade operacional. A nossa aposta estratégica centra-se na robótica móvel, graças aos inúmeros benefícios que oferece: melhoria da eficiência operacional, redução de custos, maior flexibilidade e escalabilidade nas transações e uma redução significativa da pegada de carbono.

Isto permite que as empresas invistam, enquanto as suas transações crescem, ou seja, investem inicialmente em função das suas necessidades atuais e depois, à medida que crescem, expandem a sua instalação, tanto em termos de capacidade, como de dinâmica, acrescentando robôs e estações de picking a um custo muito baixo, sem que a sua instalação fique parada. Tudo isto é combinado com um consumo de energia mínimo, o que representa uma redução significativa dos custos fixos: por exemplo, 10 robôs Autostore consomem a mesma quantidade de energia que um aspirador doméstico.

Como referimos anteriormente, acreditamos também que o nosso rigor na análise das operações logísticas das empresas faz com que as soluções que apresentamos sejam, de facto, as mais adequadas e as com o melhor índice de rentabilidade, o que faz com que num grande número de projetos existam diferentes tipos de tecnologia a funcionar como uma só, algo que consideramos único, pois somos essencialmente uma empresa de engenharia integradora.

Quais as soluções da Smartlog para a estratégia Ibérica? E qual a importância de ambos os mercados para o sucesso do negócio?

A nossa estratégia ibérica está apoiada num portfólio multi-tecnológico que vai desde as tecnologias tradicionais, como transelevadores e armários verticais de armazenamento automático, até soluções avançadas de robótica móvel e sistemas integrados como o AutoStore. Entre as nossas soluções de destaque está o AutoStore, um sistema que otimiza o armazenamento e a preparação dos pedidos, maximizando a utilização do espaço com uma eficiência energética inigualável. O Smartsorter, por outro lado, é ideal para o e-commerce, permitindo que grandes volumes dos pedidos sejam geridos com precisão e rapidez. Estas tecnologias, combinadas com o nosso software próprio Galys, asseguram uma integração total, aumentando a produtividade e reduzindo os custos operacionais.

Uma vez que somos líderes ibéricos na implementação dos sistemas Autostore, acreditamos que Portugal ajudará a consolidar esta posição, e neste momento somos altamente competitivos em soluções inovadoras de robótica móvel de armazenamento de paletes, com elevado picking, Dispomos também de robôs altamente direcionados para o e-commerce, que se podem integrar inclusive em operações logísticas convencionais. De qualquer forma, e sempre que um projeto assim o necessite, dispomos das soluções mais tradicionais como transelevadores e armários automáticos verticais. Para consolidar tudo isto no Grupo Smartlog existem 3 empresas dedicadas exclusivamente ao desenvolvimento de software desde WMS para armazéns convencionais como para gestão de sistemas automáticos, e muito direcionadas para a IA e tratamento de dados para potenciarmos as nossas instalações.

Apesar de serem dois países distintos, olhamos para o mercado como um só, pois existem claras sinergias entre os dois mercados, com os nossos clientes a trabalharem também o mercado de uma forma única, e muitas vezes com extensão da operação de um país no outro. De qualquer forma decidimos criar um serviço local em Portugal com a área comercial e serviço técnico 100% dedicada ao mercado português, pois acreditamos que a proximidade e atenção ao cliente são a base de relações duradouras. Portugal, juntamente com Espanha, constitui um mercado-chave para consolidar a nossa liderança no Sul da Europa.

O que esperam alcançar a curto, médio e longo prazo?

A longo prazo, a nossa visão é consolidar a nossa posição de líder na automatização da logística interna, guiados pelo nosso propósito de criar uma logística sustentável, resiliente e centrada nas pessoas. Para tal, desenvolvemos o conceito de Logística 5.0, uma abordagem integral concebida para apoiar os nossos clientes na automatização das suas operações logísticas, integrando sustentabilidade, eficiência e um compromisso com as pessoas. Este modelo não só procura otimizar os processos, mas também preparar as empresas para enfrentar com sucesso os desafios do futuro, garantindo que o seu negócio está alinhado com as exigências de um ambiente em constante mudança.

Qual o panorama atual do mercado da intralogística? Quais os desafios e oportunidades atuais e para o futuro?

Para além dos desafios acima referidos, existem outros, como a gestão eficiente do espaço de armazenamento, a integração de tecnologias avançadas e a capacidade de responder a um ambiente global cada vez mais incerto, marcado por tensões na cadeia de abastecimento, e pelo crescimento dos custos operacionais. No entanto, estes desafios abrem também uma janela de oportunidade. Tecnologias como a robótica móvel, os sistemas de armazenamento e entrega automatizados (AS/RS) e o nosso próprio pacote de software de gestão logística avançada, como o Galys, oferecem formas de otimizar os processos, melhorar a eficiência energética e reduzir a pegada de carbono. Estas ferramentas permitem às empresas serem mais resilientes, escaláveis e adaptarem-se rapidamente às operações do mercado.

O futuro da intralogística será marcado pela integração da inteligência artificial, do Big Data e da Internet Industrial das Coisas (IoT), que permitirão prever a operação, antecipar interrupções e personalizar as transações a níveis sem precedentes. Para além disso, o conceito de Logística 5.0, que coloca as pessoas e a sustentabilidade numa posição central, será fundamental para construir transações mais humanas, responsáveis e alinhadas com as expectativas da sociedade. Neste cenário, as empresas que souberem aliar a inovação tecnológica a uma abordagem sustentável e centrada nas pessoas terão uma vantagem competitiva crucial para liderar o mercado nos próximos anos.