A NEXUS International Conference, que decorreu entre os dias 10 e 13 de dezembro, promovida pela Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS) e Universidade de Évora (EU), em parceria com o Politécnico de Setúbal (IPS), a Universidade de Coimbra (UC), a Universidade de Aveiro (UA), o CYTED, e o MED&Chang, reuniu especialistas de portos marítimos, especialistas em sustentabilidade e inovação tecnológica e investigadores do setor marítimo de diversas partes do mundo para discutir os rumos da logística digital e da mobilidade sustentável nos portos marítimos.

Nos dois dias que decorreram em Sines, a Conferência, que abriu com José Luís Cacho, CEO do Porto de Sines, contou com Pascal Ollivier, IAPH Data Collaboration Committee, como Keynote Speaker, e oradores como Nico de Cauwer, Secretário-Geral da IPCSA – International Port Community Systems Association, Tony Zhong, Chief Information Security Officer do Porto de Los Angeles, Reyer Will, Project Manager do Projeto MAGPIE do Porto de Roterdão, Sin Yee LOH, Diretora Regional para a Europa do MPA – Singapore Maritime and Port Authority, Rogacioano Rebelo, CEO da MADOQUA, entre muitos outros especialistas de diferentes áreas.

O evento abordou temas como a digitalização dos portos e sustentabilidade, tecnológica e ambiental da cadeia logística, em painéis de discussão sobre “Transição Digital e Verde no setor portuário e logístico”; “Cibersegurança e resiliência cibernética” e “Corredores Verdes”.

A iniciativa, inserida no contexto do Pacto de Inovação da Agenda NEXUS, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português, promoveu o intercâmbio de experiências, investigação e tendências nas áreas da logística digital e da mobilidade sustentável nos portos, cruciais para o aumento da competitividade dos portos e comunidades portuárias associadas, contribuindo para a sustentabilidade ambiental, operacional, energética e digital de toda a cadeia de abastecimento.

Recorde-se que a Agenda Nexus, financiada pelo PRR, é uma agenda de inovação liderada pela APS, em conjunto com uma rede de 35 parceiros representativos de toda a cadeia logística, que visa desenvolver 28 produtos e serviços inovadores com vista à descarbonização do corredor logístico servido pelo Porto de Sines.

Sobre a importância de Sines ser anfitrião da iniciativa, em declarações à Supply Chain Magazine, José Luís Cacho lembrou “a importância de todo o trabalho de internacionalização que temos vindo a desenvolver de forma muito consistente e em linha com o nosso plano estratégico, operacionalizado pelo NEXUS, que é a ferramenta que nos ajuda no cumprimento dos objetivos, muito assentes neste contexto europeu da digitalização e da descarbonização”.

A conferência trouxe ao Alentejo especialistas da Europa, Ásia e Estados Unidos, o que no entender do presidente da APS não só realça o cariz global do evento, como também “projeta Sines no mundo e nos coloca na linha da frente na discussão dos temas que a descarbonização e a digitalização envolvem: “é o digital e a descarbonização que vão impulsionar a uma escala global todas as mudanças profundas que têm que acontecer no setor dos transportes e que terão que envolver e contar com a participação de todos os continentes. Hoje, o motor da globalização é o transporte marítimo, os portos estão na linha da frente dessa mudança e o sucesso passa por uma integração à escala global”.

José Luís Cacho acredita que Sines pode ter protagonismo nas cadeias logísticas verdes e lembra que estão muito alinhados com esta prioridade: “estamos a trabalhar muito no âmbito dos projetos europeus da global gateway – linha de financiamento da Europa para projetos fora da UE, com países que queiram criar corredores sustentáveis com a Europa – contribuindo para a descarbonização e tendo como pano de fundo a conexão com a Europa. Sines tem uma estratégia para o atlântico sul através destes projetos que foram hoje aqui apresentados e que envolvem Brasil, Angola, Namíbia, México, em que estamos a fazer tudo para que Sines seja a porta atlântica do atlântico sul para a Europa. Naturalmente que tudo isto muito alinhado com o plano de captação de investimentos na área do agroalimentar, bem como captar outro tipo de projetos para a zona industrial e logística de Sines”.

Sobre a recente assinatura do acordo bilateral entre a Europa e o Mercosul, há muito esperado, Cacho comenta que “é um bom sinal para aquilo em que temos vindo a trabalhar, nomeadamente com o Brasil” e uma porta que se abre para a Europa via Porto de Sines.

De realçar que para este ano, Sines deve continuar a crescer a dois dígitos, um valor que segundo José Luís Cacho se deverá situar entre os 11% e os 12%, é com visível satisfação que diz a finalizar que “esperamos que este ano seja o melhor ano de sempre em termos de movimentação de contentores”.

Reportagem sobre a NEXUS International Conference para ler na SCM 59.