O futuro do conflito entre Israel e a Palestina é de importância fulcral para as perspetivas a curto prazo dos mercados do transporte marítimo e aéreo de mercadorias. Numa reflexão no Ti Insights sobre o atual acordo de cessar-fogo, o analista Thomas Cullen defende que se este continuar a ser respeitado, poderá persuadir o movimento Houthi e os seus apoiantes iranianos a deixarem de atacar a navegação no Mar Vermelho.
Há sinais de que o grupo está a considerar a possibilidade de cessar os ataques. “Se Israel parar a agressão em Gaza, e se os Estados Unidos da América, o Reino Unido e Israel pararem a agressão contra o Iémen, os Houthis cessarão as suas operações, incluindo os ataques contra a marinha e os navios comerciais”, afirmou um porta-voz da organização à Al Jazeera, sediada no Qatar.
Num e-mail remetido a vários meios de comunicação social e fontes da indústria recentemente, os Houthi fizeram uma nova declaração, afirmando que cessariam os ataques à navegação até domingo, 19 de janeiro, mas que os ataques a navios israelitas de propriedade total continuariam. No entanto, a organização também afirmou que, se houver mais conflitos entre Israel e os palestinianos, poderão retomar os ataques à navegação.
Thomas Cullen lembra que embora Israel e o Hamas tenham trocado reféns e prisioneiros, a relação não é – e está muito longe de vir a ser – pacífica. A possibilidade de mais violência continua elevada e, por isso, a probabilidade de os Houthi voltarem a atacar a navegação também. Além disso, a posição do fornecedor de armas dos Houthi, o Irão, também é imprevisível. As companhias de navegação enfrentam, pois, um problema difícil.
Segundo Cullen, algumas linhas de contentores mais pequenas estão claramente dispostas a correr o risco de retomar os serviços através do Canal do Suez e segundo ele há também sugestões de que algumas companhias estão a pagar aos Houthis. As grandes são geralmente mais cautelosas, embora algumas mais do que outras. No entanto, quando as companhias de qualquer dimensão voltarem a utilizar a rota do Suez, os seus concorrentes serão obrigados a fazer o mesmo ou enfrentarão uma desvantagem competitiva.
Thomas Cullen advoga que se houver menos violência em Gaza, se o Irão sentir que é desejável deixar de fornecer mísseis e se a rota do Suez voltar a ser utilizável, então o mercado do transporte marítimo de contentores sofrerá uma forte correção. O consequente aumento da oferta de capacidade de transporte de contentores em mais de 20% fará inevitavelmente baixar as taxas de frete. Segundo ele, é igualmente provável que afete o transporte aéreo de mercadorias. No entanto, e para já, a incerteza mantém-se.