A ameaça de Donald Trump relativamente ao aumento das tarifas alfandegárias aplicadas aos produtos chineses coincidiu com o Ano Novo Chinês, uma época que, habitualmente, tem um efeito direto negativo na movimentação dos portos chineses.

As fábricas chinesas têm tentado acelerar a exportação dos seus produtos antes da habitual paragem anual, devido ao feriado de Ano Novo Chinês, celebrado hoje, dia 29 de janeiro. Para além deste habitual fator, o novo governo norte-americano já tinha alertado para a aplicação de novas tarifas aos produtos oriundos da China, e o mercado tem procurado acelerar as suas compras antes que estas sejam postas em prática.

Após ganhar as eleições dos EUA, Donald Trump ameaçou a China com tarifas de 60% sobre os seus produtos, porém, após tomar posse, na semana passada, o presidente norte-americano falava numa tarifa de 10% que poderia ser imposta a partir de dia 1 de fevereiro, e poucos dias depois, em entrevista à Fox News, dizia que estas tarifas podiam nem chegar a ser aplicadas. Por parte da China, o Ministério do Comércio pede uma reunião com o líder dos EUA, de modo a resolverem as questões comerciais entre os países.

Segundo um relatório da Linerlytica, nos portos da Ásia, Europa e América do Norte estão retidos 3,3 milhões de TEU, 10,5% da frota de transporte de contentores.

A consultora avançou que, “os portos chineses estão extremamente congestionados no período que antecede os feriados, com os portos de Yangtze River e Pearl River a registar um aumento significativo no congestionamento de pórticos e cais. A corrida de carga antes do feriado foi exacerbada pela forte procura, para superar as potenciais tarifas dos EUA para as importações chinesas, com as transportadoras também a lutar para construir pools de carga antes da calmaria do feriado”.

As novas alianças marítimas que terão início já em fevereiro, também serão impactadas pelos congestionamentos na China. De acordo com a Linerlytica, esta situação irá interromper a transição para as alianças, e dará fôlego aos operadores de linha principal, que já se preparam para a subutilização portuária.

Apenas o porto de Yantian, que processa um terço do comércio internacional de Guangdong, e 25% das exportações da China para os EUA, aumentou seu limite diário de movimentação de contentores em 15%, para 15.000 unidades nos últimos oito dias, segundo dados avançados na semana passada. Em 2024, este porto aumentou em quase 7% o volume de contentores, atingindo um recorde de 17,37 milhões de TEU. O Porto de Shenzhen, por sua vez, deu um salto de 15% nas exportações, atingindo um recorde histórico de aproximadamente 384,93 mil milhões de dólares.

Por outro lado, também o mau tempo sentido na costa atlântica dos EUA e na região do Canal da Mancha, também afetou negativamente a movimentação de navios, atrasando os que tinham como origem e destino a costa leste dos EUA e o norte da Europa, tendo os portos de Felixstowe, Southampton e London Gateway sido forçados a fechar, com alertas meteorológicos que persistem ao longo desta semana. Ainda a nível europeu, os portos franceses e da ECT Roterdão iniciaram uma ação sindical, o que atrasou as suas operações.

Foto: Linerlytica.