Num contexto global cada vez mais fragmentado, três quartos das empresas em todo o mundo estão a reformular as suas cadeias de abastecimento, diversificando fornecedores em vez de concentrar recursos em poucos parceiros. Esta mudança estratégica foi destacada no estudo Trade in Transition 2025, conduzido pela Economist Impact e pela DP World.

 

O estudo, que inquiriu mais de 3.500 executivos de cadeias de abastecimento a nível global, evidencia a crescente necessidade de adaptação a um cenário de aumento de protecionismo e reações geopolíticas. A incerteza política, impulsionada por iniciativas como a política de “Make América Great Again” (MAGA) da nova administração dos Estados Unidos, tem levado as empresas a explorarem novos mercados para mitigar riscos.

O estudo revela que países como o Vietname, México, Índia, Emirados Árabes Unidos e Brasil estão a emergir como hubs comerciais essenciais. Cerca de 71% dos executivos entrevistados acreditam que estas regiões desempenham um papel fundamental na redução de riscos comerciais, enquanto 69% consideram-nos essenciais para suprir lacunas deixadas por conflitos globais.

Adicionalmente, cerca de 40% das empresas estão a aumentar as suas fontes de fornecimento nos Estados Unidos, enquanto 32% adotam cadeias de abastecimento duplas para minimizar riscos. Uma outra estratégia em ascensão é o friendshoring, a realocação de cadeias de abastecimento para países politicamente alinhados, com 34% das empresas a adotar esta abordagem para lidar com tensões entre potências globais.

 

Desafios económicos e o papel da tecnologia

As preocupações económicas continuam a ser um tema prioritário para os líderes empresariais. O estudo revela que 33% dos executivos apontam a inflação prolongada e as elevadas taxas de juro como desafios críticos.

Para navegar neste contexto incerto, muitos estão a apostar na diversificação de fornecedores e na adoção de tecnologias avançadas, como a Inteligência Artificial (IA) e a automação. Estas tecnologias são vistas como ferramentas essenciais para a gestão de risco, eficiência operacional e otimização da cadeia de abastecimento.

No final de janeiro, discursando no Fórum Económico Mundial em Davos, aquando da apresentação do estudo, o presidente e CEO do DP World Group, sultão Ahmed bin Sulayem, sublinhou a complexidade do atual ambiente comercial global: “O comércio global hoje está mais complexo do que nunca, exigindo agilidade, resiliência e inovação. Na DP World, capacitamos as empresas com infraestrutura global, experiência local e tecnologia avançada para prosperar neste cenário em evolução.”

John Ferguson, da Economist Impact, por seu turno, reforçou a importância da adaptação: “Nos próximos anos, o comércio global será moldado por três fatores: mudanças geopolíticas, alterações climáticas e uma nova onda de IA e automação. As empresas que souberem equilibrar a gestão de risco com a inovação tecnológica estarão mais bem posicionadas para prosperar.”

A evolução das cadeias de abastecimento é um reflexo direto da necessidade de resiliência num ambiente geopolítico instável. As empresas que adotam estratégias diversificadas, investem em tecnologia e reconfiguram as suas redes de fornecedores estão melhor preparadas para enfrentar os desafios da nova globalização e garantir a continuidade dos seus negócios.