Durante a sessão anual do congresso nacional da China, realizada em 6 de março, o ministro do comércio chinês, Wang Wentao, afirmou que o país não cederá a pressões externas e está preparado para enfrentar o aumento das tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. No entanto, destacou que não há vencedores numa guerra comercial e reiterou o desejo de Pequim por um diálogo construtivo.

 

Em resposta às novas tarifas impostas pela administração Trump, Wang Wentao enfatizou que coerção e ameaças não surtirão efeito contra a China. Ele lembrou que o país é um parceiro comercial fundamental para 140 nações e tem diversas alternativas comerciais.

“A coerção e as ameaças não funcionarão contra a China, nem nos assustarão. A nossa determinação em defender os nossos interesses é inabalável”, afirmou Wang. “Se os EUA continuarem neste caminho errado, responderemos na mesma moeda e lutaremos até o fim.”

Apesar da postura firme, o ministro do comércio reforçou que Pequim está aberta a negociações. “Os dois lados podem reunir-se no momento apropriado, e as nossas equipas podem comunicar o mais cedo possível”, afirmou.

 

Expansão do comércio global e oportunidades para o transporte e logística

Wang Wentao destacou que a China continua comprometida com a expansão do seu comércio global. Com mais de 30 acordos de livre-comércio firmados, Pequim está disposta a assinar novos pactos para diversificar as suas parcerias comerciais.

Além disso, para fortalecer as exportações, o governo chinês está a incentivar as empresas a participarem em feiras comerciais para expandirem globalmente as suas atividades. Também será ampliado o suporte financeiro para crédito às exportações, além de um foco maior no comércio de serviços, bem como no e-commerce.

Esta estratégia pode impactar diretamente o setor de logística e transporte, criando novas oportunidades para operadores logísticos, transportadoras e empresas de comércio externo que procuram expandir as suas operações para lá dos seus mercados tradicionais. “Não colocamos todos os ovos na mesma cesta”, declarou Wang, realçando a procura da China por mercados alternativos.

 

Estímulo ao consumo e investimentos em infraestruturas

A economia chinesa enfrenta desafios internos, como a queda no setor imobiliário, a fraca performance do mercado de ações e o impacto da pandemia da COVID-19 no emprego e no bem-estar social. O chefe da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, Zheng Shanjie, reconheceu que as previsões de crescimento para 2025 variam entre 4,6% e 4,8%, abaixo da meta do governo de cerca de 5%. Para reverter o cenário, está a ser elaborado um plano de ação para impulsionar o consumo e os investimentos, segundo Zheng.

O ministro das Finanças, Lan Fo-an, garantiu que haverá mais investimentos em infraestruturas, logística, educação, segurança social e saúde pública, além de apoio a governos locais endividados. “Asseguraremos que cada moeda será bem gasta”, afirmou Lan, acrescentando que o governo central tem espaço para implementar novas políticas.

O governo chinês refirma assim a sua posição contra as tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos, mantendo ao mesmo tempo a disposição e abertura para o diálogo. Para os profissionais de logística e comércio exterior, a diversificação das parcerias comerciais da China e os investimentos em infraestruturas podem representar novas oportunidades de negócio e crescimento.