Após o terramoto de magnitude 7,7 que atingiu Myanmar, na sexta-feira, 28 de março, as operações de logística humanitária enfrentam desafios significativos devido aos extensos danos infraestruturais e à complexa situação política do país. O sismo causou a destruição massiva em estradas, pontes e aeroportos, dificultando a distribuição de ajuda humanitária. Aeroportos danificados e vias bloqueadas complicam a chegada e movimentação de equipas de resgate e fornecimento de bens essenciais.
Foram relatados danos significativos nas regiões de Sagaing, Mandalay, Magway, Naypyidaw, Bago e Southern Shan. Infraestruturas críticas, incluindo a histórica Ponte Ava, a Universidade de Mandalay e vários locais patrimoniais, sofreram danos graves ou foram destruídos. Os aeroportos de Mandalay e Naypyidaw permanecem encerrados por questões de segurança, enquanto falhas nas telecomunicações têm dificultado a coordenação dos esforços de socorro em diversas regiões.
A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC) lançou um apelo urgente de emergência após o devastador terramoto de magnitude 7.7 que atingiu o centro de Myanmar no dia 28 de março de 2025. A destruição é extensa e as necessidades humanitárias crescem a cada momento.
Diante desta tragédia, a Sociedade da Cruz Vermelha de Myanmar (MRCS) mobilizou centenas de voluntários treinados para prestar assistência imediata. Em poucas horas, a MRCS ativou o seu Centro de Operações de Emergência e iniciou esforços de busca e resgate. Os voluntários estão a administrar primeiros socorros, fornecer cuidados pré-hospitalares e distribuir itens essenciais como mantas, lonas e kits de higiene. Equipas móveis de saúde foram igualmente destacadas para as comunidades mais afetadas.
“Apesar de terem visto as suas próprias casas e instalações danificadas, os voluntários da Cruz Vermelha atuaram com coragem e rapidez para ajudar os seus vizinhos”, afirmou Alexander Matheou, Diretor Regional para a Ásia-Pacífico da IFRC. “A magnitude deste desastre é substancial e o apoio é urgentemente necessário.”
A IFRC, que há muito tempo trabalha em estreita colaboração com a Cruz Vermelha de Myanmar, está a mobilizar a sua rede de 191 Sociedades Nacionais para fornecer assistência essencial. Esta resposta inclui a alocação de fundos de emergência e a coordenação da ajuda internacional para fortalecer as operações humanitárias da MRCS.
Entretanto, a resposta internacional não se fez esperar e vários países mobilizaram equipas de resgate e assistência médica, entre os quais:
Índia – Lançou a “Operação Brahma”, enviando uma força médica especializada para fornecer cuidados urgentes, incluindo tratamentos de emergência e intervenções cirúrgicas.
China – Deslocou equipas de busca e salvamento, fornecendo abrigos e suprimentos médicos às áreas afetadas.
Rússia – Enviou aeronaves com médicos e equipas de resgate para apoiar as operações no terreno.
Malásia – Deslocou 50 membros da sua equipa de assistência e resgate para operações de salvamento em Myanmar.
A situação política em Myanmar, marcada por um conflito civil desde 2021, complica os esforços de ajuda. Apesar de um cessar-fogo unilateral de duas semanas declarado pelo Governo de Unidade Nacional para facilitar as operações humanitárias, as forças militares continuaram ataques em áreas controladas pela oposição, dificultando os trabalhos de quem está no terreno.
A comunidade internacional continua a mobilizar recursos para apoiar as vítimas, mas os desafios no terreno exigem uma coordenação eficaz e acesso seguro às áreas afetadas para garantir a entrega oportuna de assistência vital.
Foto: Myanmar Red Cross Society