A área de compras deixou de ser um departamento apenas focado em aquisições e passou a ser muito mais estratégico até mesmo para outras tarefas além da negociação. O setor é responsável pelo relacionamento com o fornecedor e cliente final, além de todo o fluxo da compra que deve estar alinhado com os objetivos do negócio. Uma das vertentes que permitiu essa transformação foi a quarta revolução industrial. Ao trazer a ascensão das tecnologias, a revolução trouxe também oportunidades para que os setores de compras fossem otimizados.
Com a revolução 4.0, tecnologias que antes eram incompreendidas passam a ser adotadas com maior naturalidade, ainda que com certa moderação. Na área de suprimentos, por exemplo, as inovações permitem que os profissionais entendem a melhor forma de executar algumas tarefas como a comunicação com o fornecedor, a gestão de contratos e o controle de prazos.
Entretanto, a alta disponibilidade dessas tecnologias não é mais um diferencial se a área responsável não souber aproveitar os recursos da maneira correta e entender como e de forma alinhada ao objetivo do negócio. Uma pesquisa da Deloitte entrevistou executivos da área de compras que apresentaram as prioridades dos líderes das empresas e como eles enxergam seu time de compras. Desses, 51% acreditam que suas equipes atuais não têm níveis suficientes de habilidades e capacidades para cumprir sua estratégia de aquisições.
O dado chama muito atenção, pois preparar o profissional para esse novo mercado é fundamental. Ao entender como a quarta revolução industrial modificou a maneira como as tecnologias automatizam e otimizam processos, as organizações conseguem prestar mais atenção nos impactos desta nova era. Inclusive, com o que diz respeito ao recrutamento de profissionais e habilidades que devem ser mais valorizadas.
O líder de compras tem então, como novo desafio, a preparação necessária para orientar o novo profissional de compras. Tendo em mente que uma comunicação transparente e alinhada com o objetivo da empresa reflete não só na produtividade e melhor utilização das ferramentas, mas também nos custos e tempos que são reduzidos nos processos.
A função de comprador está entre as profissões que não se aprende na faculdade. Muito da bagagem destes profissionais é o aprendizado adquirido na prática. Nas universidades ainda não existem cursos de preparo para essa profissão, entretanto existem as organizações que já se antecipam. Listo aqui as principais tendências que líderes da área de compras devem se atentar:
· Invista em conhecimento – Para atuar em compras as empresas têm demandado profissionais com amplo conhecimento dos produtos e/ou serviços adquiridos, e isso inclui tanto a empresa fabricante e/ou desenvolvedora quanto a cadeira de fornecedores. É preciso que a equipe esteja antenada às notícias do mercado de atuação, conheça metodologias como Strategic Sourcing e esteja focada em gerar resultados e reduzir custos (savings) para a companhia.
· Priorize a segurança da informação – Profissionais de compras têm acesso à muita informação crítica e é importante focar na segurança dos dados. Especialmente porque a área utiliza cada vez mais tecnologia, como soluções de Big Data (dados na nuvem, ERP’s e banco de dados). Vale criar e reforçar a política interna de segurança para o time e ter certeza de que esses profissionais estão orientados pela segurança em todos os seus processos.
· Não tema a tecnologia – Por falar em segurança, informações e dados são cada vez mais presentes e essa nova Era Digital exige cuidados. Afinal, ninguém quer dados dos seus clientes ou da sua empresa vazando por aí. A dica aqui é confiar em parceiros que saibam qual tecnologia mais adequada para sua necessidade, quais ferramentas são complementares nesse processo, como Big Data, Analytics, Machine Learning, Business Intelligence e Cloud Computing e deixe que os resultados sejam comprovados;
· Conheça as gerações – De acordo com um estudo da Robert Half, realizado em abril de 2016 com base na percepção de 100 diretores de RH do Brasil, diferentes gerações trazem inúmeros benefícios para os negócios. Entre as vantagens estão, por exemplo, a troca de experiência, acesso a diferentes pontos de vista e novas ideias. Segundo a consultoria, o comprador atual representado pela geração Z, é caracterizado por ser na maioria das vezes, mais objetivo e a ter mais afinidade com a novas tecnologias que dão suporte às atividades do dia a dia. Com relação aos compradores das gerações X e Y, a habilidade de relacionamento é um dos maiores diferenciais. Ambas características são fundamentais e complementares na área de suprimentos, mas é preciso conhecer muito bem o profissional para melhor direcioná-lo.
· Visualize o cenário – É importante conhecer o cenário do mercado em que a empresa está inserida, entender os fornecedores do setor e como a comunicação com eles pode ser otimizada. Como posso trabalhar com minha equipe de forma estratégia e eficiente? Hoje, pequenos negócios podem obter resultados de grandes empresas e causar grandes impactos, pois têm a capacidade de enxergar as oportunidades além do que já se tem no momento. Quando a área de suprimentos de uma empresa se antecipa com soluções complementares e, paralelamente, oferece novos desafios aos profissionais de compras, a mudança, muitas vezes disruptiva, acontece de forma positiva e é refletida em economia para o negócio.
Fabrizio Tassitano | Diretor de produtos | Mercado Eletrônico