Paletes. Bem sei que os logísticos que me leem gostariam que começasse este artigo por uma palavra com outro glamour e mais sedutora. Fica, desde já, prometida para um futuro artigo. Mas, se me permitem, que estive muito anos envolvida em operações de logística, quando se afastarem das paletes, acreditem, vão sentir a sua falta.
Poderão ser umas poucas dezenas ou várias dezenas de milhar, dispostas em estanteria, em bulk, empilhadas, alinhadas, em monoreferência ou multireferência, para saírem em unidades, caixas ou camiões completos. Esta, é a visão e o dia-a-dia de uma plataforma logística.
Só quem não conhece não sabe que este é o pulmão comercial de todos os negócios. Pensar que a venda começa no armazém pode ser, para alguns, controverso, mas é inegável.
A visão de que os armazéns logísticos são fábricas escuras, sem brilho, desarrumadas e desestruturadas e que “só” armazenam paletes, está ultrapassada. Hoje, a logística em armazém tem de ser um motor muito afinado e, em grandes realidades, automatizado.
Um caminho que já é claro para qualquer gigante das entregas em e-commerce ou da grande distribuição, mas que o terá de ser também para outros sectores ou dimensões de negócio. E a razão é clara: o layout do armazém tem um peso preponderante na rentabilidade das organizações.
Os armazéns têm de espelhar e responder prontamente à necessidade do cliente, seja ele o retalho ou o cliente final, que recebe a sua encomenda em casa sem imaginar a operação logística invisível de suporte que ocorre após o seu clique no botão ‘encomendar’.
Pode parecer um lugar comum demasiado batido, mas a plataforma logística tem de ser modernizada, altamente tecnológica e eficiente para não ser responsabilizada por perdas que pesam no balanço financeiro anual da empresa.
Bem sei (na primeira pessoa!) que o corrupio 24/7, nos 365 dias do ano, não deixa o tempo de pousio necessário para a reformulação estrutural da operação, mas há pequenas ações que têm reflexo na eficiência da operação e que, no balanço de final do ano, terão o seu retorno.
Ainda que possam ser elementares, diz-me a experiência que, medidas como as seguintes, quando aplicadas em armazéns logísticos comuns, são um bom primeiro passo na eficiência e se traduzirão em ganhos financeiros tangíveis. Falo de um layout flexível e organizado com uma linha de produção, arrumação das paletes por família de produto e em função da rotação do produto -menor rotação na parte de trás do armazém; maior rotação frente do armazém-, artigos de maior dimensão em localizações de fácil movimentação, localizações monorreferência, nível zero para picking e o nível um para reaprovisionamento, ou a fundamental limpeza regular dos artigos de baixa rotação do armazém.
Reconheço que não é fácil, mas sim, é sempre possível melhorar. São as pequenas decisões em cadência que trazem os maiores benefícios. Não adianta tomar uma grande decisão, ou várias em simultâneo, se acabam por não ser levadas à prática. Escolha apenas uma, simples, realista e com resultados mensuráveis. Os seus colaboradores e acionistas, garantidamente, vão reconhecer as mais-valias.
Sara Monte e Freitas | Partner | Expense Reduction Analysts
Artigo interessante. Com a evolução dos negócios para canais digitais, o foco da venda está em boa parte a deslocar-se das Vendas para a Logística. Cada vez mais o factor diferenciador é a capacidade das organizações darem resposta em tempo útil aos pedidos dos clientes (“eu quero este artigo, customizado desta forma, entregue em tal sítio e… AGORA”). O shop floor logístico vai cada vez mais ser o epicentro dos negócios do futuro, ditando a sua sobrevivência ou extinção.