A 4.ª revolução industrial procura afetar todos os setores e pretende desafiar as áreas logísticas para uma digitalização e integração tecnológica de grande domínio.
Antes da indústria 4.0 propriamente dita (ou no caso da logística 4.0), a inteligência artificial tem evoluído favoravelmente através da criação de algoritmos que, tal como acontece por exemplo com os interesses do público na Netflix, procura analisar os padrões de procura, as capacidades de resposta (e integração) às necessidades dos serviços – tudo isto porque existe uma capacidade artificial de raciocínio (simulando a capacidade humana) de perceber, resolver e elaborar soluções para os problemas.
Com a revolução logística (associada à última revolução industrial) e porventura assente em princípios essencialmente tecnológicos, espera-se uma alteração significativa da gestão logística a todos os níveis, fundamentalmente com a redução dos custos operacionais e da diminuição de stocks. “E como?” O apoio das tecnologias é o principal elo de ligação entre a Logística e a redução de custos e stock, esperando-se uma melhoria significativa nas interações com os clientes (no tempo dessa informação e análise), uma diminuição de erro nas previsões de procura, mas também a otimização de recursos através de itinerários (dentro e fora dos armazéns). Com a flexibilidade da robótica e a sua interação com os humanos a realidade da produção e da logística será revolucionada. A combinação das capacidades humanas com o poder das máquinas ou os simples óculos inteligentes que permitem que o profissional tenha informação privilegiada num curto espaço de tempo e faça a sua rota de uma forma muito mais rápida, influenciará os custos operacionais e melhorará o nível de stock. Por último, podemos ainda considerar a utilização de drones como ferramenta de apoio à gestão de inventários e ao transporte mercadorias.
Surge então a necessidade de enquadrar a Logística 4.0 na realidade da Saúde, ou neste caso nas estruturas hospitalares. Talvez seja uma temática ainda muito sensível pois como já se compreendeu é uma abordagem que requer muito investimento, mas também grande alteração da cultura organizacional dos Hospitais, que são estruturas burocráticas complexas, mas que já mostraram viabilidade noutros projetos idênticos – apresentando interesse na melhoria contínua e no aproveitamento dos avanços tecnológicos.
A Logística 4.0 na Saúde, será um desafio para as instituições e para os profissionais, mas será uma mais-valia na gestão diária dos Hospitais: um conceito de informação automática no consumo ou na previsão de consumo para emitir uma informação de compra ou uma atualização de stock num serviço através da digitalização, sem a necessidade de ajuda humana. A utilização de tecnologia RFID ou o desenvolvimento de robótica poderá contribuir nos Hospitais, através do apoio na preparação de picking e na gestão de armazéns. Prateleiras automatizadas? Gestão de espaço? Óculos inteligentes com informação exata da localização do artigo? Ou utilização de drones no transporte entre hospitais e entre fornecedor – hospital?
Hoje em dia todas estas ferramentas já são uma realidade e começam a ganhar condições dentro das organizações para a sua implementação. Muito dificilmente em 2018 existirão Hospitais 4.0 ou Logística Hospitalar 4.0, mas é certo que o futuro passa pela otimização de recursos através de ferramentas digitais e de raciocínio artificial, diminuindo o tempo e o erro e maximizando os ganhos em saúde.
Ruben Loureiro,
Licenciado e Mestre em Gestão
Doutorando em Gestão
Técnico Superior em Gestão Logística
Professor Convidado em Logística na Saúde