A afirmação é de Fernando Carreras, que preside à divisão de logística do Grupo Carreras, em entrevista à Supply Chain Magazine, e traduz o que são os objectivos traçados para o crescimento do operador logístico em território nacional, onde tem vindo a crescer de forma gradual e consistente. Houve também tempo para falar dos efeitos da pandemia e sobretudo dos caminhos possíveis de evolução no pós-Covid.
Com a COVID-19 ainda por aí, esta foi uma entrevista que obedeceu a todas as regras, as jornalísticas e as que a DGS recomenda em termos de prevenção, saúde, segurança e bem-estar. Não fomos até Espanha, foi Espanha e Fernando Carreras que vieram até nós por vídeo-chamada (abençoada tecnologia!), mas estivemos nas instalações do Grupo Carreras em Aveiras de Cima. Mesmo com máscaras, e respeitando o distanciamento social recomendado, foi possível ficar a conhecer melhor o que é actualmente o Grupo e a sua actividade em Portugal. Fica aqui uma parte da conversa. A entrevista é para ler na íntegra na revista.
Nesta altura é muito difícil, se não mesmo impossível, falar de logística e não se falar da pandemia. Como é que este momento foi e ainda está a ser vivido no Grupo Carreras, embora a situação tenha apresentado níveis de gravidade diferentes em Espanha e Portugal?
Fernando Carreras – A nossa primeira preocupação foi com as nossas pessoas. Aos que tinham que continuar a operar no terreno, conseguimos de forma eficaz protegê-los com os necessários EPI’s, os desinfectantes, as máscaras… ou seja, pusemos em prática todas as medidas de prevenção da COVID-19, visando garantir o funcionamento das operações e a segurança das equipas. O teletrabalho também arrancou rapidamente e a verdade é que tivemos a sorte de não ter tido ninguém das nossas equipas a ser contaminado ou em contacto com alguém contaminado.
A nível operacional, sofremos, claro, já que na segunda quinzena de Março tivemos uma queda acentuada da nossa actividade, algo na ordem dos 30 a 40% por comparação com a primeira quinzena; Abril foi um mês mau em que não se cumpriu aquilo que eram os nossos objectivos e em que ficámos cerca de 17% abaixo do previsto; em Maio já notámos uma melhoria, ainda que tenhamos ficado também abaixo do previsto. Não obstante, acreditamos que iremos recuperar e ficar dentro daquilo que foram os objectivos definidos para o exercício de 2020, com dificuldade, mas acreditamos que ainda é possível.
Quando tudo isto passar, podemos dizer que há um Grupo Carreras pré e pós Covid-19? O que é que mudou ou pode mudar?
No Grupo Carreras continuamos a trabalhar com o mesmo empenho e dedicação de sempre. Sofremos, aprendemos algumas coisas, mas acreditamos que se reflectirmos bem sairemos reforçados desta crise e, tanto em Espanha como em Portugal, não há nenhuma alteração em relação ao que são os nossos planos de crescimento e investimento.
Em Portugal, o grupo tem vindo a afirmar-se ao longo do tempo e o seu crescimento tem sido consistente e gradual. Que balanço faz da actividade do Grupo no nosso país?
Entendemos que Portugal era um mercado importante e onde fazia todo o sentido estarmos presentes. Temos um grande respeito pelo mercado logístico português, onde há grandes companhias que trabalham bem e com grande profissionalismo. Não aspiramos a ser uma grande multinacional. O que procuramos é manter um crescimento constante, gradual, como tem vindo a acontecer, e sem perder obviamente de vista a satisfação das necessidades dos nossos clientes. Fazer um trabalho de qualidade, tentando a cada dia fazer mais e melhor. É essa a nossa forma de estar.
Neste momento temos cerca de 50.000 m2 de instalações, onde desenvolvemos as nossas actividades de transporte e logística. Queremos, tal como nos últimos anos, continuar a crescer entre 15 a 20%, ou seja, ambicionamos uma evolução sustentável e sustentada. Esse é o objectivo para Portugal. E embora existam grandes players, queremos ter o nosso lugar na logística em Portugal e é para isso que continuaremos a trabalhar. Temos uma equipa de gestão de excelência e o êxito do percurso que temos vindo a realizar deve-se a eles e à confiança dos clientes.
E em termos de investimentos, o que está previsto para apoiar esse crescimento e desenvolvimento no mercado português?
Neste momento estamos a analisar as várias hipóteses de crescimento, não descartamos nada e pelo interesse que o mercado português tem para nós estaremos atentos a todas as oportunidades que se apresentem, em todos os sentidos, e que contribuam para alcançar o nosso objectivo que é, como já referi, ser um operador logístico relevante. Financeiramente somos uma empresa sólida, com reconhecimento, e que estamos no mercado português para crescer pausadamente com qualidade no serviço para os nossos clientes, mas atentos a qualquer oportunidade.
Esse crescimento poderá acontecer por meio de aquisições?
Neste momento, esse não é o nosso objectivo principal, mas se as oportunidades se apresentarem estamos obviamente disponíveis para as considerar e analisar. (…)