Um estudo divulgado pela Câmara Internacional de Navegação (ICS) e pela Baltic and International Maritime Council (BIMCO), indica que apenas 1.89 milhões de marinheiros estão a trabalhar num total de mais de 74 mil navios na frota mercante global, um número muito reduzido devido à pandemia. Esta escassez das tripulações põe em risco o fornecimento de mão-de-obra esperado para os próximos anos.

A imposição, durante a pandemia, de quarentenas e proibições de entrada a cidadãos ou visitantes das áreas mais afectadas fez com que cerca de 200 mil marinheiros mercantes ficassem presos em navios.

O relatório prevê que, com base em projecções de crescimento do comércio marítimo, seriam necessários mais 89.510 oficiais até 2026, mostrando ainda que existe actualmente um défice de cerca de 26.240 oficiais certificados e uma procura de marinheiros que ultrapassou a oferta em 2021.

“Estamos muito além da rede de segurança de excedentes de mão-de-obra que protege o fornecimento mundial de alimentos, combustível e medicamentos”, refere Guy Platten, secretário-geral da ICS, e para que a situação não piore, o relatório salienta a importância de recrutar e manter marinheiros. “Sem uma acção urgente dos governos, o número de marinheiros vai ficar esgotado”, sublinha ainda, acrescentando que deveria ser dada prioridade de vacinação aos trabalhadores de transportes essenciais, uma vez que apenas 20% dos marinheiros a nível global foram vacinados contra a COVID-19. “Combinado com um aumento de procura de mão-de-obra, isto está a empurrar as cadeias de fornecimento globais para o ponto de ruptura”, termina Guy Platten.