Por todo o mundo ainda se começam a sentir impactos da pandemia, ao nível das cadeias de abastecimento. Desde chips a embalagens e bebidas, várias indústrias foram afectadas por todo o globo, e Portugal não foi uma excepção.
Quando apareceu a pandemia de COVID-19, as cadeias de abastecimento por todo o mundo foram surpreendidas com algo para o qual não estavam completamente preparadas. Com situações de paragem, teletrabalho, lay off, entre outras situações, houve momentos em que os pedidos foram muito reduzidos, e isso gerou um abrandamento na produção de determinados materiais e, mais tarde, quando as empresas retornaram ao activo, essas encomendas aumentaram imenso, e como tal a indústria não teve capacidade para acompanhar a grande quantidade de pedidos.
O recente caso dos semicondutores, ou chips, que ainda permanece com problemas de abastecimento, é uma dessas situações. Actualmente este sector específico ainda afecta a produção de imensas tecnologias bastante presentes no quotidiano das pessoas, como computadores, carros, consolas e telemóveis.
Casos como a Toyota, que foi obrigada a reduzir a sua produção por falta de componentes, ou a Volkswagen que foi forçada a parar a produção por duas vezes ainda este ano, foram algumas das empresas afectadas no sector automóvel, mas estes casos espalham-se por muitas outras pelo mundo, e nalguns casos já só conseguem garantir que veículos novos, adquiridos agora, cheguem apenas em 2022.
Segundo avançou o ECO, a Mercedes-Benz já se encontra a alertar os seus clientes para esses casos, com um alerta no website onde se lê “devido a falhas de abastecimento, em determinados veículos poderão ocorrer, temporariamente, limitações na disponibilidade do módulo de comunicação (LTE). Isto afecta, em particular, os serviços Mercedes me connect, incluindo o sistema de chamada de emergência (eCall)”. A marca avançou à fonte que “não está a comercializar unidades sem o LTE”, o módulo 4G que dá capacidade de comunicação de dados aos veículos, e que estão “a aguardar resposta por parte dos fornecedores para voltar a incorporar o mesmo”.
Mas não só a área automóvel foi afectada, o problema vai para além da atmosfera. A SpaceX de Elon Musk está a ter falta de oxigénio líquido para fazer descolar as suas naves para o espaço, devido à procura por oxigénio para tratar doentes hospitalizados com COVID-19.
Ainda assente com os pés na terra, a multinacional McDonald’s está a sentir a falta de batidos, bebidas engarrafadas e sacos, devido à pandemia. No caso português, a cadeia de restaurantes alerta que os problemas de abastecimento também já são visíveis.
Na aplicação da cadeia de restaurantes pode ler-se um alerta relativo a um problema de logística que está a afectar algo tão simples como uma caixa de cartão: “devido a uma ocorrência logística, o teu pedido Happy Meal poderá ser servido sem caixa ou em saco”. O ECO contactou a fonte e esta alerta que “durante o mês de Agosto, alguns restaurantes McDonald’s não tiveram disponíveis as habituais caixas dos menus Happy Meal, devido a condicionantes externas que impactaram a sua distribuição”.
“A McDonald’s Portugal tem estado em contacto permanente com as equipas e fornecedores nacionais e internacionais, pelo que esta situação, temporária e excepcional, se encontra solucionada”, avança ainda à fonte.
Estes problemas de abastecimento também afectam a cadeia em Inglaterra, Escócia e País de Gales, nos seus 1.250 estabelecimentos, ao nível das bebidas engarrafadas e dos batidos, neste caso devido ao Brexit. O grupo McDonald’s admite estar a enfrentar “problemas na cadeia de abastecimento”, também sentidos por outras grandes cadeias do sector da restauração.
Recentemente a cadeia de restaurantes Nando’s também teve de encerrar 50 estabelecimentos por falta de galinha, devido à falta de trabalhadores e motoristas nos fornecedores e nas sociedades de logística.
Também o KFC avisou para a possibilidade de não ser capaz de ter todo o seu menu disponível na sua totalidade.
O Brexit dificultou a entrada de trabalhadores vindos da União Europeia no Reino Unido, e como tal estes problemas de abastecimento têm afectado os países envolvidos já há vários meses, desde fábricas a distribuidores britânicos, como resultado do Brexit, que complicou a entrada no Reino Unido de trabalhadores vindos da União Europeia.