O maior concurso de comboios em Portugal recebeu candidaturas de fabricantes europeus, chineses e japoneses para a produção de 117 novas automotoras elétricas para os serviços suburbanos e regional da CP, no valor base de 819 milhões de euros, avança o Dinheiro Vivo.
A transportadora portuguesa recebeu candidaturas de três empresas e de três consórcios. A título individual apresentaram-se os chineses da CRRC Tangshan, os japoneses da Hitachi Rail, e os suíços da Stadler. Nos agrupamentos candidataram-se o consórcio dos franceses da Alstom com a portuguesa DST, dos espanhóis da CAF que juntou a unidade de fabrico de comboios com o departamento de engenharia, e ainda a parceria entre os espanhóis da Talgo e os alemães da Siemens Mobility.
David Torres, diretor-geral da Alstom em Portugal, refere que a fabricante francesa “continua a trabalhar para poder oferecer à CP e à sociedade portuguesa a melhor proposta, fruto do conhecimento e experiência (…) em mobilidade ferroviária. Nesse sentido, teremos o maior prazer em fazer parte desta aposta em novos sistemas de mobilidade sustentáveis, inteligentes, digitais e inclusivos”. Por sua vez, a Siemens Mobility afirma-se como uma fabricante “que nunca abandonou Portugal, mesmo nos momentos mais difíceis”, e confessa que “não poderia ficar alheia a este concurso”. Já a Talgo confirmou as “décadas de experiência na produção de comboios e em tecnologia para comboios de alta velocidade”. A CAF demonstrou interesse pelo concurso “dada a sua importância e por decorrer num mercado como o português” que tem sido acompanhado pelo grupo espanhol. A Stadler não realizou comentários e não foi possível falar com a CRRC nem com a Hitachi Rail, de acordo com a mesma fonte.
O júri irá agora analisar as seis candidaturas. A fonte oficial da CP refere que serão admitidas na próxima fase do concurso as empresas e consórcios que “cumpram os requisitos de capacidade técnica e financeira previstos”. Os participantes que forem admitidos terão de apresentar propostas para o fornecimento dos 117 novos comboios e para a construção da oficina de manutenção de material circulante em Guifões, local onde será possível fabricar as 117 automotoras se o vencedor assim o quiser.
A proposta vencedora será analisada segundo cinco critérios que valorizam mais a parte técnica do que o preço. Do total de 104.2 pontos, 56 considerarão a qualidade do material circulante, 21 o preço e condições de pagamento, oito referem-se ao prazo de garantia dos bens fornecidos e respetivos componentes; há uma bonificação, no máximo de 15 pontos, quanto maior for a incorporação do fabrico ou montagem em Portugal, utilizando operários portugueses.
No final de 2022 será conhecido o vencedor “se tudo correr bem, dentro dos prazos, sem impugnações judiciais”, afirma o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, acrescentando que “foram tomadas todas as medidas ao nosso alcance para que haja a maior transparência possível.