A Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) reclama a urgência de “medidas para proteger o emprego”, destacando a importância da reativação das medidas de layoff simplificado “para fazer face a estas dificuldades”, avançou à Lusa.
Até final de abril o setor metalúrgico e metalomecânico ainda estará a beneficiar das compras coletivas de energia feitas em 2021, no entanto, face aos aumentos dos custos de energia e das matérias-primas, as empresas admitem reduzir a atividade a partir de maio. “Neste momento, grande parte das empresas do nosso setor e das associadas da AIMMAP estão ainda a pagar os preços fixos do ano passado, portanto, nalguns casos, cinco, seis vezes menos do que [o preço a que] está agora o mercado”, revelou à fonte Rafael Campos Pereira, vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP).
Embora ainda “grande parte” das empresas do setor estejam “a beneficiar das compras coletivas de energia que foram feitas pela própria associação, em 2021, tal como vinham a ser feitas desde 2011, e que produzem efeitos até 30 de abril”, o responsável admite que o cenário a partir de maio não deverá ser favorável para as empresas. “Também achamos que corremos o risco a partir de maio, com custos muito elevados de energia e sem matérias-primas suficientes para trabalhar, de algumas empresas terem de reduzir os seus períodos normais de atividade, sem dúvida nenhuma”.
Apesar da “situação relativamente salvaguardada” em que as empresas atualmente se encontram, Rafael Campos Pereira considera que “a partir do dia 1 de maio, as empresas vão ver os custos de energia aumentar talvez três ou quatro vezes, a não ser que a situação evolua”, resultado da recente subida dos preços energéticos.
A utilização destes contratos para fixar os custos era uma realidade comum, mas face aos repentinos aumentos dos custos, os fornecedores já não se mostram disponíveis para manter esses preços fixos através de contratos, pois poderão acabar por ficar a perder dinheiro mais tarde, com a necessidade contratual de manter esses valores. Deste modo, é ainda facilitada a compra conjunta, mas com preços variáveis.
O setor da metalurgia e metalomecânica não são tão dependentes dos custos energéticos como outros setores, como é o caso do têxtil, mas Rafael Campos Pereira conta existirem subsetores, como é o caso da fundição, nos quais os custos da energia têm um impacto maior, como os do gás natural ou da energia elétrica.
O responsável da AIMMAP defende ser “fundamental uma resposta a nível europeu”, e que Portugal também se deveria preocupar mais com esta questão, e acrescenta que a União Europeia também deveria eliminar as taxas aplicadas às importações de fora da Europa, estando a associação a fazer pressão “no sentido de o Governo, desta vez, tomar uma posição em consonância com essa necessidade da indústria portuguesa”. Segundo revela, a associação europeia do setor “também está a diligenciar nesse sentido junto da Comissão Europeia”.
“As empresas têm muitas encomendas, o que acontece é que correm o risco de não lhes poder fazer face porque os custos de energia são incomportáveis e porque as matérias-primas estão em falta”, conclui o responsável.