Este ano de 2022, Taiwan irá deter 50% do mercado de fabrico de chips a nível mundial, ou seja, mais uma vez o ocidente falhou.
As instituições Ocidentais estão tão embrenhadas em burocracia que nem percebem que as empresas não têm tempo para esperar, pois já temos a pandemia, as dificuldades nas redes de abastecimento, a logística vertical, deveria levar a Europa a encontrar outras soluções (soluções nossas para os nossos problemas), mas as empresas europeias e até algumas tecnológicas portuguesas preferem pagar a viagem, estada e outras despesas a recém engenheiros de forma a fixá-los em cidades no oriente, onde a única logística necessária para a aquisição de “uma placa” é descer as escadas e comprar.
Esta estratégia poderá ser percepcionada como muito vantajosa para algumas empresas, até porque vale o preço de ter estes cérebros a trabalhar num universo tecnológico único como Shenzhen, por exemplo. Também entendo que deveremos considerar TSMC, UMC, Vanguard e PSMC tecnológicas incontornáveis, razão pela qual Taiwan está assinalado no mapa e a falha generalizada de chips, foi terreno fértil para empresas com visão estratégica, fazerem o seu caminho e marcarem o seu território.
Esta posição, positivamente agressiva, por parte de Taiwan não é inocente, pois quanto mais o ocidente depender de um território como Taiwan, menos espaço terá a China para trabalhar a, vamos chamar-lhe, unificação.
Enquadramento histórico em 10 segundos:
Taiwan ou República da China, foi criada como conhecemos hoje pelo, líder do partido nacionalista chinês da altura, Chiang Kai-shek, no momento em que perde a guerra civil contra o líder dos comunistas Mao Tsé-tung. Chiang Kai-shek e os seus apoiantes refugiam-se nesta península e formam Taiwan. Este não era o desfecho desejado pela, então, União Soviética de Stalin, pois este apoiava Chiang Kai-shek. Portanto, historicamente Taiwan é a China que a Rússia gosta e a China Continental (República Popular da China) é a China que a Rússia é obrigada a lidar por conveniência e/ou dependência.
Taiwan, está a capitalizar apoios ocidentais de forma que não fique sozinha quando a República Popular da China disser que afinal já não existe República da China, e que este território sempre foi chinês, e todos sabemos o que esta ação vai significar.
Taiwan, luta diariamente para reviver e desafiar o paradoxo de 1971, momento em que as Nações Unidas tiveram de decidir qual das Chinas é que teria representatividade no palco da diplomacia. Para Taiwan não existe uma terceira hipótese, ou são os representantes da verdadeira China ou são independentes, não existe a terceira solução que é a mais apreciada pela República Popular da China.
Em relação à Europa, poderei escrever posteriormente, mas entre o que promete e o que nada faz, vamo-nos sentados num ninho de vespas à espera … que elas não nos piquem.
Henrique Germano Cardador, Corporate Strategy Analyst Europe & Africa