Após a Índia anunciar um embargo sobre as suas exportações, a cotação do trigo atingiu um novo recorde dia 16 de maio, chegando aos 438.25 € por tonelada no fecho da sessão.
A Índia, segundo maior exportador de trigo no mundo, anunciou que ia interditar as suas exportações devido às vagas extremas de calor que fizeram reduzir a sua produção. Esta decisão foi realizada tendo em conta a necessidade de garantir a alimentação de toda a sua população de 1,4 mil milhões de pessoas mas não só, “ao contrário da Federação Russa, que tem em vigor desde há anos um sistema de quotas e taxas sobre as exportações, a Índia tem mais problemas a controlar os volumes exportados”, explicou Damien Vercambre, o corretor da Inter-Courtage, à AFP.
É de referir que o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, tinha prometido, ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, fornecer trigo aos países dependentes das importações vindas da Ucrânia. Com o arrastar do conflito causado pela Federação Russa na Ucrânia e a espera pelas colheitas australianas e canadianas, o trigo indiano, que estava em fase de colheita, mostrava-se capaz de aliviar os mercados, em particular os clientes habituais da Índia, no Médio Oriente e Ásia.
De maneira efetiva, o preço do trigo aumentou 40% desde o começo da invasão russa da Ucrânia, incorporando também os riscos atuais de seca no sul dos EUA e Europa Ocidental. Agora, o embargamento das exportações de trigo, somada à da Indonésia sobre o óleo de palma, promete aumentar a pressão nos países importadores, como Marrocos, cuja produção de cereais vai baixar mais de 60%, ou o Iraque, onde a falta de água teve consequência na redução em mais de metade das superfícies cultivadas.
Com efeito, a decisão de embargar exportações contraria a dada no início de maio, podendo “agravar a crise” de aprovisionamento em cereais a nível mundial, expõe o G7. Contudo, uma vez que “a procura continua a existir”, os especialistas do mercado afirmam que os preços vão continuar a ser sustentados.