A história já colocou a descoberto várias vulnerabilidades das cadeias de abastecimento, quer através da eleição de presidentes em países parceiros, nas tensões a Oriente, na COVID-19, na Guerra na Europa.
Onde é que está o valor acrescentado que todas as empresas escrevem nas suas apresentações?
A luta pelo preço trouxe-as ao limite de não conseguirem baixar mais a fatura imputada ao cliente, pelo que, após toda a cadeia de valor esmagar o custo a todos os players, resta às empresas, pasme-se, aumentar o serviço exatamente pelo mesmo valor. É preciso ter em atenção que este serviço o cliente não pagaria na primeira reunião, mas como é grátis passou a ser indispensável, o cliente passou a ter a necessidade de saber: “Anything; Anywhere; Anytime”.
A visibilidade dos serviços a 100% nas 24 horas dos 365 dias do ano, é sinónimo de transparência e os Clientes gostam de transparência, portanto, as empresas que não apostarem na digitalização dos processos, na transformação digital, no aumento de eficiências e na redução de desperdícios em tarefas, estarão fora da liga, pois não conseguirão passar à próxima fase, que é a integração de sistemas junto de clientes e parceiros.
Para que todos estes intervenientes no negócio funcionem como um só, em tempo real, é necessário trabalhar na criação de links que possam integrar todos os sistemas para que o Cliente carregue apenas num botão e tenha acesso à informação.
O grande desafio está no espaço disponível entre exposição (momento em que as empresas comunicam entre si para que o Cliente tenha acesso ao serviço 24h) e a segurança (pois não sabemos quais os sistemas de segurança que os parceiros e clientes utilizam no momento em que acedem à informação), entre um momento e o outro existe um intervalo de vulnerabilidade.
As empresas quando disponibilizam dados para que um terceiro aceda, estão a tornar o seu sistema vulnerável a ataques, a Ciberataques.
O operador logístico, a meu ver, está exposto a ciberataques, e tendo em conta que devemos trabalhar sempre sobre o pior cenário, imaginem o que seria termos 2 x 24.000 TEUs às escuras algures no oceano? Seriam milhares de contentores que transportam tudo, desde roupa, móveis, ou alimentos, sem sabermos onde estão.
A história já colocou a descoberto várias vulnerabilidades das cadeias de abastecimento, quer através da eleição de presidentes em países parceiros, nas tensões a Oriente, na COVID-19, na Guerra na Europa.
Estes ataques podem não ter como alvo os operadores logísticos, mas um ou dois dos seus clientes cuja forma de chegar até eles passa pela captura das infraestruturas destes operadores, assim como podem não ter origem em países e cidades do denominado mundo desenvolvido, mas antes numa casa humilde de um país em vias de desenvolvimento, o que eleva a complexidade. Recordo que a proveniência não tem nem gênero, nem estrato social, nem nacionalidade, nem território.
As empresas de logística têm de reforçar os seus budgets no que diz respeito à Cibersegurança, têm de ter ações preventivas, e não menos importante, levar os parceiros a investir nesta matéria. A porta de entrada de um Ciberataque tanto está num grande operador, como nos parceiros mais pequenos que têm dificuldade em investir neste tipo de infraestrutura e, é precisamente por esse motivo, que os empresários devem apostar em serviços colaborativos com clientes, parceiros e até concorrentes, para que todos consigam proteger os dados das empresas, dos parceiros e dos clientes.
2×24.000 TEU’s às escuras, depois não digam que eu não avisei!
Henrique Germano Cardador, Corporate Strategy Analyst Europe & Africa