De acordo com as estimativas da Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal (ACIBEV), os preços dos vinhos devem aumentar em pelo menos 10% na segunda metade deste ano, devido à escassez de produtos essenciais. Os produtores alertaram a associação para esse aumento, que será “inevitável por causa do encarecimento das matérias-primas”, apontou Ana Isabel Alves, diretora-executiva da ACIBEV.
A associação representa 80 produtores nacionais e garante que o aumento dos preços só poderá atingir um certo limite, sem fazer com que o consumidor seja obrigado a optar entre uma garrafa de vinho e outro produto: “o aumento não é elástico, só se pode aumentar até a um certo ponto, senão o consumidor, com menos dinheiro na carteira, acaba por ter de prescindir do vinho em detrimento de outros produtos de primeira necessidade”, aponta a responsável.
Entre as razões para o aumento está o custo do vidro (em cerca de 40%), mas também o cartão, paletes e materiais agrícolas, como o adubo, que estão “significativamente mais caros”. Outro material que sofreu uma inflação no preço foram os contentores, essenciais para a vindima, e que estão a custar cinco vezes mais, e estão cada vez menos disponíveis.
A mão de obra é outro problema que alerta o setor, pois “a média de idades ronda os 65 anos e o trabalho agrícola não é atrativo, o que leva os mais novos a ir para a cidade em busca de trabalhos em fábricas e empresas, e é algo que tem ameaçado a sustentabilidade do nosso negócio”, explica a diretora-executiva. Como alternativa, algumas produções adotaram a mecanização, “mas no Douro, onde as vinhas são plantadas em socalco, dificilmente lá entram as máquinas. No Norte, esta alternativa não funciona”, conclui Ana Isabel Alves.