A Amazon procura vender espaço em excesso nos seus aviões de carga, tentando assim ajustar-se à desaceleração do online, após a acelerada expansão da era pandémica.

O retalhista do comércio eletrónico, que tem uma frota de cerca de 100 aviões nos Estados Unidos e na Europa, contratou nos últimos meses executivos com experiência na comercialização de espaço de carga para companhias aéreas. As possibilidades incluem o enchimento de jatos vazios de regresso do Hawaii e do Alasca com ananases e salmão, de acordo com o avançado por fontes ligadas à carga aérea à Global Trade.

O plano a longo prazo para a Amazon Air não mudou, apesar da atual turbulência, segundo avançou a mesma fonte, mas a pressão para ocupar o espaço não utilizado a bordo dos seus aviões está a aumentar, à medida que a empresa procura aumentar os lucros num período de crescimento mais lento das receitas.

Recorde-se que a Amazon avançou com o serviço de carga aérea em 2016, suscitando especulações de que acabaria por criar uma rede de entrega noturna para rivalizar com a United Parcel Service Inc. e a FedEx Corp. A Amazon Air opera a partir de aeroportos regionais mais pequenos perto dos seus armazéns em todo o país, ajudando a empresa sediada em Seattle a mover rapidamente o inventário para acomodar entregas de um e dois dias.

A procura de carga aérea arrefeceu este ano, e espera-se que volte a diminuir em 2023. A IATA projeta que o setor irá gerar vendas de 149,4 mil milhões de dólares, cerca de 52 mil milhões de dólares menos que em 2022, mas ainda mais 48,6 mil milhões de dólares do que em 2019.

Os voos da Amazon em setembro cresceram ao seu ritmo mais lento desde o início da pandemia, segundo investigadores do DePaul University’s Chaddick Institute for Metropolitan Development, que têm vindo a monitorizar os voos da Amazon Air desde 2020.

Apesar do abrandamento, a Amazon anunciou em outubro que iria acrescentar 10 cargueiros Airbus A330-300 a partir do próximo ano, através de uma parceria com a Hawaiian Airlines.

De realçar que mesmo os maiores operadores do segmento estão a apertar os cintos à medida que os consumidores retomam hábitos de compra pré-pandémicos. A FedEx, por exemplo, a 20 de dezembro revelou planos para cortar 3,7 mil milhões de dólares em despesas no próximo ano.