A Comissão Europeia está a trabalhar para desbloquear os corredores de solidariedade, vitais para as exportações agrícolas da Ucrânia, “o mais rapidamente possível”. Isto surge após o acordo alcançado com cinco Estados-membros para a aplicação de medidas de salvaguarda temporárias ao trigo, milho, colza e sementes de girassol, a fim de resolver problemas “tanto para os agricultores dos cinco Estados-membros limítrofes como para os agricultores ucranianos”.
O vice-presidente executivo da Comissão Europeia e responsável pela pasta do Comércio, Valdis Dombrovskis, afirmou que “vamos trabalhar para desbloquear os estrangulamentos logísticos que os corredores de solidariedade enfrentam o mais rapidamente possível, porque, de facto, a ideia dos corredores de solidariedade é ajudar as exportações agroalimentares ucranianas”.
Em declarações à chegada da reunião informal dos ministros das Finanças da União Europeia (UE), durante a presidência sueca do Conselho em Estocolmo, o responsável lembrou que o acordo alcançado com a Polónia, a Hungria, a Roménia, a Eslováquia e a Bulgária visa resolver “problemas tanto para os agricultores dos cinco Estados-membros limítrofes como para os agricultores ucranianos”.
A solução encontrada “consiste em aplicar temporariamente medidas de salvaguarda excecionais aos produtos agrícolas mais sensíveis, como o trigo de soja, o milho, a colza e as sementes de girassol, e em efetuar investigações de salvaguarda a outros produtos, fornecendo um pacote de apoio financeiro de 100 milhões de euros aos agricultores e aos cinco Estados-membros e trabalhando na melhoria dos corredores de solidariedade para facilitar o trânsito e as exportações”, explicou Valdis Dombrovskis.
Vale a pena relembrar que a União Europeia suspendeu, em maio de 2022, os direitos aduaneiros sobre todos os produtos importados da Ucrânia por um ano. Além disso, trabalhou para permitir a exportação de stocks de cereais do país após o encerramento das rotas pelo Mar Negro devido à invasão russa em fevereiro de 2022. Como resultado, os países vizinhos da UE registaram um aumento significativo nas chegadas de milho, trigo ou girassol da Ucrânia, levando a armazenamentos saturados e queda nos preços locais. A Polônia, Hungria, Eslováquia e Bulgária proibiram a importação de cereais e outros produtos agrícolas da Ucrânia em meados de abril, alegando a proteção dos seus agricultores.
Assim, o acordo alcançado com os cinco Estados-membros prevê o fim das medidas de proibição unilateral tomadas por esses países, em troca de medidas excecionais de salvaguarda relativas aos quatro produtos ucranianos considerados os mais sensíveis. O acordo garante a possibilidade de transitar cereais e produtos agrícolas ucranianos através dos cinco Estados para terceiros países, um ponto crucial para Kiev, que ansiava pela continuação da exportação da sua produção.