Os últimos anos têm sido desafiantes para toda a gente, mas particularmente para os profissionais de supply chain. Com o mundo de pernas para o ar foram eles que, trabalhando quase sem parar, em cenários inéditos, mantiveram as cadeias de abastecimento mundiais a funcionar. Mas, no mundo real, os super-heróis cansam-se. Stressam. Esgotam-se. E o burnout também lhes bate à porta. É que na verdade eles são apenas humanos.

O burnout é uma doença que tem vindo a afetar cada vez mais profissionais de diferentes setores, como é o caso da supply chain. Trata-se de uma área exigente, com rápida necessidade de resposta, deadlines apertados e um acompanhamento permanente. Dadas estas especificidades, fica claro que nem sempre é fácil desligar. Mas é preciso. O equilíbrio entre a vida profissional e pessoal é essencial ao bem-estar de todos nós. Para uma, precisamos da outra. De forma a melhor entender o tema conversamos com uma psicóloga, um professor catedrático de Fisiologia, três entidades ligadas à área de recursos humanos, um líder de supply chain, e três profissionais que passaram por um processo de burnout, que nos contaram a sua experiência em primeira mão.

Através dos testemunhos e do apoio de Ana Barbosa, supply chain specialist, André Borralho, RH e process director da Gesgrup, Armanda Lima, Carlos Sezões, managing partner da Darefy, Fábio dos Santos, functional analyst num transitário, José Soares, professor catedrático de Fisiologia da Universidade do Porto, Nuno Santos, CI EMEA logistics manager da McCormick & Co., Pedro Mega, global headhunter, logistics & supply chain, Global Talent HQ, e de Tânia Gaspar, psicóloga, na edição #41 da SCMedia News abordámos o tema da saúde mental nas cadeias de abastecimento, e toda a preocupação e importância que este tema tem, tanto para as pessoas como para alertar as próprias empresas.

“O burnout, por definição, é uma perturbação que decorre de um stress, ou de uma ansiedade crónica no trabalho. É uma doença profissional, que acontece no contexto de trabalho, e não se trata de uma situação pontual. É algo que é continuado”, explica Tânia Gaspar.

Em 2022, oito em cada 10 funcionários consideraram estar em risco de burnout, uma tendência que aumentou significativamente desde 2019 (63%) até ao passado ano (81%). Esta é uma das conclusões do “Global Talent Trends 2022-2023 Study: Rise of the Relatable Organization”, desenvolvido pela Mercer. Para o relatório foram tidas em conta opiniões de mais de 13.000 executivos, líderes de recursos humanos e funcionários de 25 regiões globais, entre elas Portugal.

“Trabalhar em logística é como ser um atleta de alta competição. Mas neste mundo, jogam-se os olímpicos, o mundial e a liga das nações, todos os dias” – Nuno Santos.

De acordo com o estudo, em Portugal, 38% das empresas dizem ter planos para 2023 para expandir os benefícios, de forma a apoiar todos os segmentos no local de trabalho. Por sua vez, 79% prestam, atualmente, algum apoio à saúde mental dos colaboradores, sendo que apenas 15% disponibilizam recursos de gestão de crise após um evento traumático. Apenas 31% estão focadas em redesenhar o trabalho tendo em consideração o bem-estar dos funcionários (cargas de trabalho realistas, dias sem reuniões, ambiente de trabalho favorável, entre outros). Ainda assim, 27% oferecem, atualmente, acesso a “prestadores de serviço de saúde mental” virtuais.

Conheça os testemunhos dos profissionais aqui: Burnout: somos apenas humanos.