As primeiras autoestradas ferroviárias chegarão a Portugal a partir de 2025, possibilitando o transporte de mercadorias entre Valência (Espanha) e o Entroncamento através da Linha do Leste e da Linha da Beira Baixa. Os semirreboques de camiões ocuparão maior espaço no canal ferroviário, de acordo com o ECO.

As primeiras autoestradas ferroviárias chegarão a Portugal a partir de 2025, o que irá possibilitar o transporte de mercadorias entre Valência (Espanha) e o Entroncamento através da Linha do Leste e da Linha da Beira Baixa. Com essa finalidade, foi assinado um protocolo entre a Infraestruturas de Portugal (IP) e o operador espanhol Tramesa para verificar as condições da Linha do Leste, que não é eletrificada, e parte da Linha da Beira Baixa. Esta iniciativa permitirá que um único comboio substitua a circulação de dezenas de camiões, otimizando o transporte de carga. A movimentação das mercadorias será realizada em terminais específicos, requerendo menos de um minuto de tempo de transferência. Desta forma, os veículos rodoviários serão apenas utilizados para a última etapa do transporte, garantindo a entrega porta a porta, em vez de percorrerem longas distâncias.

Essa solução, amplamente utilizada em países como França e Alemanha, deverá trazer benefícios ambientais significativos, especialmente para os portos de Leixões e Sines, que poderão expandir a sua área de influência. “Por exemplo, podemos ter o Porto de Sines ligado a Madrid, abrindo outras perspetivas nas infraestruturas portuárias portuguesas e com grande vantagem no comércio internacional de longa distância”, referiu à mesma fonte o presidente da Associação Portuguesa de Operadores Logísticos (APOL), Vitor Figueiredo.

Miguel Rebelo de Sousa, diretor executivo da Associação Portuguesa de Empresas Ferroviárias (APEF), destaca a importância da implementação de uma autoestrada ferroviária como um exemplo perfeito de uma operação logística intermodal complexa: “É de extrema importância criar ferramentas que aproveitem ao máximo as vantagens de cada modo de transporte para o transporte de mercadorias. Soluções desse tipo são bem-vindas para promover um transporte cada vez mais sustentável”.

O lançamento da primeira autoestrada ferroviária está programado para 2025 e depende da adaptação da infraestrutura para esse tipo de tráfego, conforme indicado pela IP. Serão necessários investimentos por parte da IP para que o comboio parta de Valência, passe por Elvas na Linha do Leste e chegue ao Entroncamento pela Linha da Beira Baixa. Os semirreboques dos camiões do tipo P400, que são mais altos do que as demais cargas ferroviárias, ocuparão um maior espaço no canal ferroviário. Após chegar ao Entroncamento, a autoestrada ferroviária será estendida aos portos de Setúbal e Sines, aproveitando a nova linha Évora-Elvas, que está a ser construída para acomodar os semirreboques dos camiões.

Na segunda fase, será avaliada a possibilidade de estender a autoestrada ferroviária para a Linha do Norte (corredor Lisboa-Valongo) e também a conexão com a Espanha através da Linha da Beira Alta. A IP complementa afirmando que será feito um levantamento das intervenções necessárias na infraestrutura em ambos os casos. O operador logístico Tramesa será responsável por garantir a homologação dos vagões junto às autoridades ferroviárias portuguesas, obter o material circulante necessário e adaptar os terminais de origem e destino para a operação dos comboios e as operações de carga e descarga necessárias.