A dinâmica do mercado exige mudanças e assistimos a um número crescente de empresas do sector da saúde que externalizam a totalidade ou uma grande parte das suas atividades logísticas. E estamos a falar do sector da saúde numa perspetiva ampla, incluindo não só empresas farmacêuticas e de dispositivos médicos, mas, também, hospitais, centros médicos e até grupos de lares de idosos.

 

Se, há alguns anos, o principal objetivo de um processo de externalização era melhorar a eficiência dos processos logísticos, hoje em dia a procura da excelência também se junta a este fator. A transformação vivida na última década pelo sector da logística é muito profunda, provavelmente mais do que em qualquer outro sector económico. A digitalização de processos e a robotização de tarefas em que algumas das maiores empresas de logística estão a investir, bem como a liderança que estamos a assumir em termos de sustentabilidade ambiental, estão muito à frente das de outras indústrias.

Nos últimos dez anos assistimos também a um importante processo de concentração de hospitais e centros residenciais para idosos, sujeitos a um intenso movimento de fusões e aquisições que aglutinou a oferta e levou ao aparecimento de grandes grupos para os quais o outsourcing da logística faz cada vez mais sentido e proporciona maiores eficiências e poupanças.

Por outro lado, num cenário em que a competitividade é fundamental, como é o caso do sector farmacêutico e da saúde, a possibilidade oferecida pelo outsourcing logístico em termos de poupança e de flexibilidade operacional, ao converter custos fixos e investimentos em custos variáveis, é cada vez mais valorizada. Do mesmo modo, a possibilidade de partilhar infraestruturas, equipamentos e pessoal com outros clientes do operador logístico é outra das vantagens a ter em conta na integração num centro multicliente.

O sector da saúde, especialmente o sector farmacêutico, é tradicionalmente um sector com elevados padrões de gestão de mão-de-obra. Por isso, ao fazer outsourcing, procurará um parceiro logístico que esteja alinhado nesta área e, de preferência, que tenha uma certificação externa que garanta que é auditado como um bom local para trabalhar.

Neste sentido, se há dez anos atrás era impensável ver uma empresa de logística entre as melhores empresas para trabalhar, nos dias de hoje houve uma viragem de 180º e já existem organizações do setor entre as melhores empresas para trabalhar no mundo, segundo o Great Place to Work, à frente de grandes empresas farmacêuticas, tecnológicas, financeiras e de consultoria, que tradicionalmente lideram este tipo de ranking.

Outra tendência que se tem vindo a acentuar nos últimos anos é a especialização de cada empresa onde pode contribuir com mais valor, deixando o resto das atividades para serem realizadas por parceiros especializados; especialmente se estes parceiros oferecem alta competitividade, como é o caso do sector da logística, e proporcionam flexibilidade e redução de custos. Neste cenário, é difícil não encontrar razões para o outsourcing.

Por outro lado, não devemos esquecer que a crescente penetração do comércio eletrónico e das vendas omnicanal também está a atingir as empresas de cuidados de saúde e outras empresas de cuidados pessoais, complicando, assim, as operações logísticas e tornando a externalização da cadeia de abastecimento mais necessária do que nunca.

O sector médico e farmacêutico está definitivamente a enfrentar uma transformação que está a elevar a cadeia de abastecimento a um novo e superior papel estratégico, onde é necessário desenvolver soluções capazes de abordar e responder à dinâmica em mudança desta indústria.

As crescentes pressões sobre os custos estão a criar incentivos para encontrar formas diferentes de servir os mercados, clientes e geografias existentes e novos. Como resultado, as empresas farmacêuticas e de cuidados de saúde têm uma necessidade crescente de cadeias de abastecimento flexíveis e ágeis. Ao recorrerem ao outsourcing, podem aceder a recursos e capacidades que não estão disponíveis internamente, bem como libertar capital e recursos humanos para se concentrarem na sua atividade principal: investigação, desenvolvimento e produção de medicamentos, material médico ou equipamento médico. A externalização permite-lhes crescer estrategicamente.

Uma gestão eficaz da mudança, tanto por parte do cliente como do fornecedor de logística, é fundamental para o sucesso de um projeto de externalização. Este último deve demonstrar constantemente um elevado nível de especialização e de capacidade de liderança. Deve também ter um conhecimento profundo não só das necessidades do cliente, mas também da indústria e dos utilizadores dos produtos. É igualmente essencial contar com o apoio da empresa de outsourcing para avançar para a mudança desde o momento em que a ideia é desenvolvida até à implementação final.

Um projeto de externalização logística deve ser entendido como uma relação de confiança entre o cliente e o operador. E parte dessa confiança assenta no reconhecimento, por parte de todos os intervenientes, de que o prestador de serviços de logística faz parte da empresa e desempenha um papel essencial ao serviço do verdadeiro utilizador final e do núcleo de tudo: o doente.

Juan Pablo Jiménez, Diretor de Desenvolvimento de Negócios  | DHL Supply Chain Ibéria