A EDP foi uma das três empresas portuguesas distinguidas na 13.ª edição dos EIPM-Peter Kraljic Awards, que após dois anos de celebrações virtuais, voltou ao formato presencial, tendo ocorrido em Paris, no dia 15 de dezembro de 2022. A divisão de procurement da EDP conquistou o prémio de Sustainability and Supplier Collaboration, devido às suas políticas de colaboração com os seus parceiros, e às suas preocupações de sustentabilidade.
“Tem sido uma jornada”, recorda Carlos Mota Pinto, director of Global Procurement Unit da EDP Global Solutions, “uma jornada que nós temos feito ao longo dos anos e que, obviamente, depois o resultado do trabalho que nós estamos a fazer acaba por ser reconhecido”. Este foi o quarto prémio EIPM que a empresa já venceu, três deles consecutivamente nas últimas edições.
O primeiro prémio conquistado foi em 2015, na categoria de System And Process Excellence, assinalando o compromisso com a excelência na gestão da sua cadeia de fornecimento, reconhecendo a liderança e desempenho da EDP no desenvolvimento de práticas inovadoras e de respeito pelo ambiente e sociedade.
Durante a pandemia, em 2020, o prémio de excelência na categoria “Líder de Transformação em tempos turbulentos”, reconhecendo organizações de compras que demonstraram práticas e obtiveram resultados de excelência para sua organização, stakeholders e sociedade na forma como geriram as atividades durante este período turbulento.
O terceiro prémio chegou em 2021, em Sustainability Award for Excellence, pela capacidade da EDP em responder e superar as necessidades e expectativas dos seus parceiros e clientes, garantindo a continuidade das operações e respondendo aos desafios na produção, abastecimento de materiais e proteção de colaboradores nas instalações.
E por fim, o mais recente, em 2022, na categoria de Sustentabilidade e Colaboração com Fornecedores, que reconhece a EDP pela sua capacidade de acompanhamento e resposta às crescentes exigências do mercado face aos temas ESG, bem como no desenvolvimento de relações de proximidade e de parceria com os fornecedores, permitindo o estabelecimento de uma cadeia de valor mais resiliente, sustentável e alinhada com os objetivos estratégicos do Grupo EDP.
O responsável conta-nos que os temas de sustentabilidade, e mais concretamente de ESG, têm estado muito centrados no foco daquilo que é a estratégia da EDP. “Nós tivemos agora a apresentação, no início de março, daquilo que será o nosso plano estratégico de negócios para os próximos três anos, 23/26, e onde a EDP vai investir cerca de 25 mil milhões de euros”, revela. Esse investimento passa pelo setor das energias renováveis, mas também na parte da distribuição e outras áreas de negócio do Grupo EDP.
Embora o foco nunca sejam os prémios, realça que “é um reconhecimento de um trabalho que não é de ontem, já é um trabalho que tem alguns anos”, e que os responsáveis do EIPM “têm sido testemunhas deste percurso que nós temos feito, e têm também reconhecido que têm havido aqui umas melhorias bastante significativas. Isso também acaba por motivar a própria equipa, e a desafiar-nos para que no próximo ano possamos também ser reconhecidos”.
Metas para os próximos anos
Para cumprirem com os objetivos, a EDP está a desenvolver a informação de que necessita, de modo a garantir que estão a atingir essas metas. “Por um lado, temos até 2026 um objetivo muito claro e que está muito ligado à nossa área, e à sustentabilidade na cadeia de abastecimento, onde pretendemos que 90% das nossas compras sejam compras sustentáveis”, avança o director of Global Procurement, o que significa que todas as compras aos seus fornecedores têm de estar alinhadas com os seus objetivos e com a estratégia de sustentabilidade da empresa. “Por outro lado, queremos ter 100% dos nossos fornecedores em compliance com a estratégia da EDP, portanto, são objetivos complementares”.
Apesar de ser um objetivo estabelecido para 2026, explica que é um trabalho longo e que tem de ser feito aos poucos, mas que é mensurável e quantificável, e mostra-se confiante de que o irão conseguir atingir.
Outro objetivo da EDP é, até 2030, serem all green, e a aposta nas energias renováveis vem acelerar esse processo, e a prazo ainda mais alargado, um macro-objetivo de até 2040 serem uma companhia net zero, em termos de dimensões de CO2.
Proximidade aos fornecedores
Para atingirem estas metas, colaboram de perto com os seus fornecedores, numa ótica colaborativa de win-win. Carlos Mota Pinto destaca ser importante apoiar os seus fornecedores e ajudá-los a crescer, pois ambas as partes só têm a ganhar com o crescimento mútuo. “Nós temos várias iniciativas que promovemos para garantir que estamos próximos dos nossos fornecedores, que olhamos para os nossos fornecedores como nossos parceiros”, aponta.
Algumas iniciativas que têm envolvem o assessment de ESG para com os fornecedores, estando a gestão centralizada pela EDP, mas que é feita em Portugal, Brasil e Espanha. “Tem dado bons resultados, porque ajuda o desenvolvimento dos próprios fornecedores”, explica o responsável. Primeiramente é feita uma avaliação, que depois é partilhada com o fornecedor, e são explicadas quais as oportunidades de melhoria que o assessment identificou, seguindo-se a criação de um plano de desenvolvimento, contando o fornecedor com o apoio da EDP para desenvolver e melhorar a sua avaliação no próximo assessment.
Tiago Miguel Dias, gestor de Sustentabilidade na Cadeia de Fornecimento da empresa, nota que “descolámos da palavra auditoria, porque não queremos ir de um ponto de vista de compliance, mas de um ponto de vista de desenvolvimento. E isso é o que gera proximidade e transparência. Nós agendamos estes momentos”.
Ao nível dos projetos, comenta que desenvolveram um programa denominado EDPartners, que conta com um conjunto de etapas e jornadas no qual o fornecedor vai ter o contacto com a EDP. A sua criação veio no sentido da responsabilidade que têm para com os seus fornecedores e de os ajudar a encontrar pontos de melhoria, visto que uma parte significativa desse universo é abrangido pelas PME, criando também uma maior proximidade entre as partes.
Carlos Mota Pinto explica que “todo este processo é transparente. Quando o fornecedor se regista connosco, a nossa plataforma tem de submeter um conjunto de informações e que vai permitir, desde logo, aferir qual é o posicionamento que ele vai ter e qual é o seu desempenho versus aquilo que nós estamos à procura, ou seja, a capacidade que ele tem de responder ou não aos requisitos que nós desenvolvemos”.
Através da marca EDPartners, que utilizam para diversas atividades que envolvam os fornecedores, contam com diversas formas de atuação, entre elas as EDPartners Talks, momentos em que reúnem fornecedores para debate e exposição de dificuldades, de forma mais aberta e transparente. Assim, conseguem compreender quais são as dificuldades dos fornecedores, como os podem ajudar e o que podem fazer pelo desenvolvimento do seu desempenho e para melhorarem a eficácia das suas operações, com melhores tempos de entrega de equipamentos, de modo que se desenvolvam e consigam ter uma presença maior na empresa. Antes da pandemia estes momentos eram feitos presencialmente, modelo a que ainda tencionam retornar.
De forma a distinguirem os seus melhores fornecedores, contam ainda com os prémios EDPartners, com o intuito de promover a adoção de boas práticas em áreas-chave para a competitividade dos seus fornecedores e do Grupo EDP.
Também exemplo inserido neste modelo foi o recente EDPartners TIC, que ocorreu em março, e onde reuniram os seus fornecedores de tecnologias da informação e comunicação, em modelo híbrido. De igual modo, também têm este modelo para, por exemplo, os temas de ESG, com o Workshop ESG Assessment. Para este evento convidaram os seus fornecedores de IT, e foi direcionado a Portugal e Espanha, e apresentaram o que foi feito desde a edição anterior, face ao planeado e apresentado, bem como o que ainda iria ser feito ao longo do ano. Depois, dá-se o momento da partilha da estratégia da EDP para o setor de IT e para os principais temas de IT, de forma aberta com todos os fornecedores, seja com os contratualizados, com os que já o foram, ou com os que ainda possam vir a ser.
“Isto também é muito valorizado pelos fornecedores que é o facto de a EDP partilhar aquilo que é o seu procurement plan para o próximo ano, ou para os próximos anos, e eles assim também se poderem preparar, e poderem trabalhar no sentido de, quando chegar a altura dos processos, também serem envolvidos”, destaca Carlos Mota Pinto. “O Grupo EDP consegue entregar aquilo que entrega, também pelo facto de termos estes prestadores de serviços externos a trabalhar connosco, e que são nossos parceiros, e é assim que nós olhamos para eles”.
Uma dificuldade que sentiram recentemente foi devido à guerra na Ucrânia. “Tínhamos acabado de sair de uma pandemia”, recorda, “tivemos, e temos tido, vários constrangimentos, dificuldades que os nossos fornecedores também sentem, para fornecer e para entregar aquilo que foram os compromissos assumidos, porque há a escassez de material, e as matérias-primas estão a subir, ou tiveram subidas, como já não subiam há muito tempo”.
Poderá ler o artigo na íntegra na SCM N.º 42.