O mercado indiano está a atrair cada vez mais a atenção de empresas dos Estados Unidos e dos principais mercados europeus, que procuram estabilidade comercial e diversificação nas suas cadeias de abastecimento, de acordo com a Crédito y Caución.

De facto, a Índia e a União Europeia estão a avançar com planos para concluir um acordo de livre comércio a curto prazo. Já o país asiático consolidou acordos comerciais com a Austrália e os Emirados Árabes Unidos, enquanto mantém negociações em curso com o Canadá e o Reino Unido.

A crescente quantidade e qualidade dos investimentos que a Índia está a atrair sugerem que, em muitos aspetos, o país pode tornar-se a próxima “fábrica do mundo”. Esta tendência é ainda mais relevante num contexto de tensões geopolíticas, uma vez que a participação da China nos produtos manufaturados indianos é inferior a 5%, e o país não faz parte de uma cadeia de abastecimento centrada na China, ao contrário de muitos países do Sudeste Asiático.

A Índia oferece ainda atrações estruturais e demográficas significativas como parceiro comercial. Com uma população de 1,4 mil milhões de habitantes, o país possui uma mão de obra qualificada, especialmente orientada para a tecnologia, custos relativamente baixos e um mercado interno em expansão. Além disso, a Índia está a expandir as suas capacidades de produção e logísticas para garantir as cadeias de abastecimento.

Contudo, a Crédito y Caución também realça algumas desvantagens que tendem a persistir. A Índia tem uma história protecionista que pode afetar a sua competitividade no que diz respeito ao investimento estrangeiro, enfrenta dificuldades nas ligações logísticas de primeira e última milha, sofre com excesso de burocracia e enfrenta morosidade na resolução de conflitos legais e na execução de contratos.

Para impulsionar a produção nacional e atrair investimento estrangeiro, a Índia lançou a iniciativa “Make in India”. Um exemplo disso é o “Plano de Incentivos Ligados à Produção”, que oferece incentivos às empresas que registem aumentos nas suas vendas ao longo de cinco anos. Setores como o farmacêutico, alimentar, das telecomunicações, eletrodomésticos, automóvel e componentes podem desempenhar um papel importante no futuro, uma vez que estão incluídos neste plano.

Meghna Nair, diretora de riscos da Atradius Índia, afirma: “Para aumentar a produção em grande escala na Índia e manter a qualidade, são necessárias melhores infraestruturas e mão de obra qualificada. Para levar todas essas fábricas e outras empresas de componentes a investir na Índia, é importante garantir que as políticas são muito sólidas. Ainda há lacunas que devem ser abordadas e levará algum tempo para substituir a China, que tem uma enorme vantagem”.