(É)ra a frase que mais me incomodava.
“Foi sempre assim que fizemos”.
Mas reconheço que muitas vezes é mal compreendida.
Embora seja verdade que a inovação e a mudança são fundamentais para o progresso, também é importante reconhecer o valor da experiência e da tradição.
Ao longo dos anos, as organizações e as sociedades desenvolveram maneiras de fazer as coisas, que vão sendo melhoradas ao longo do tempo. Essas práticas representam a sabedoria coletiva de gerações passadas e são frequentemente baseadas em conhecimento profundo e experiência acumulada. É importante reconhecer que, às vezes, o que é considerado “antigo” pode ser valioso e eficaz.
Mas também, “foi sempre assim que fizemos”, é usada muitas vezes para defender a continuação de uma prática ou abordagem existente. Pode ser visto como uma resistência à mudança ou refletir uma compreensão sólida do que funciona bem.
Na supply chain, a estabilidade e a continuidade podem ser fundamentais. Em setores onde a previsibilidade (exato! Em que sectores é que há essa previsibilidade, não é?) e a consistência são essenciais, seguir práticas instituídas é crucial para garantir a entrega de produtos e serviços. Além disso, a experiência acumulada ao longo do tempo não deve ser subestimada. As práticas que resistiram ao teste do tempo muitas vezes incorporam lições aprendidas com erros anteriores e refinamentos ao longo dos anos.
No entanto, essa abordagem tradicional deve ser equilibrada com proatividade. A capacidade de reconhecer quando a “tradição” não está mais alinhada com as necessidades ou exigências atuais, e estar disposto (ter a coragem?) de explorar novas abordagens é fundamental. E na supply chain esta mentalidade também se aplica à eficiência operacional e à gestão de riscos. A resistência à mudança pode ser benéfica quando se trata de processos bem estabelecidos, mas é importante ser proativo na identificação de novos riscos e oportunidades de melhoria.
Não estou a sugerir que o status quo deva ser imune ao escrutínio, mas também não deve ser descartado sem contemplação. Não se trata de preservar a tradição pela tradição, mas de respeitar a sabedoria nela contida.
É essencial equilibrar essa tradição com a proatividade para garantir que toda a supply chain permaneça resiliente e capaz de se adaptar às mudanças das condições do mercado e das necessidades e exigências dos clientes.
Bruno Cunha | Diretor de Suporte (Administrativo, Financeiro e Operacional) | Hospital de Santa Maria