A inteligência artificial está na ordem do dia, posicionando-se já em vários setores da economia. Neste âmbito, a logística não é exceção. A visão computacional, uma ferramenta da IA, tem registado rápidos desenvolvimentos e todas as indicações mostram que se está a tornar numa tecnologia que molda a indústria e que é promissora ao longo de toda a cadeia de fornecimento – para clientes, colaboradores, parceiros e, certamente, para o ambiente.
No setor da logística, estamos a assistir aos primeiros casos de utilização que demonstram a mais-valia da computação, incluindo várias aplicações na saúde e segurança, bem como o ajuste das medidas dos envios. Conforme a visão computacional evolui graças aos avanços tecnológicos na perceção de profundidade, reconstrução 3D e interpretação de imagens escuras e desfocadas, em breve irá desbloquear muitas outras oportunidades e trazer benefícios adicionais às empresas de logística.
Este é, sem dúvida, um mercado em franca expansão, onde os especialistas contam com a quadruplicação das vendas, de 9,4 mil milhões de dólares em 2020 para 41,1 mil milhões de dólares em 2030, como revelou o estudo recente da DHL “AI-Driven Computer Vision”. Não é difícil perceber porquê.
No que diz respeito a saúde e a segurança, a visão computacional pode melhorar a segurança no local de trabalho, identificando potenciais perigos em armazéns, depósitos e outras instalações de logística, minimizando os riscos e prevenindo acidentes. Aplicada aos colaboradores, reconhece más posturas e movimentos, detetando sinais precoces de fadiga e verificando se estão, por exemplo, a utilizar o equipamento de proteção correto para garantir a conformidade.
Do ponto de vista operacional, pode detetar estrangulamentos e outras ineficiências, criando mapas de calor para analisar padrões de fluxo de trabalho no interior ou exterior de uma instalação, e até funcionar como segurança, identificando rapidamente entradas não autorizadas. Já na área da gestão de ativos, a tecnologia de visão computacional pode ajudar na monitorização e alertar as equipas de manutenção antes de surgirem quaisquer problemas.
No último dos quatro pontos que são chave na transformação do setor da logística, destacam-se os processos de envio. Neste domínio, a visão computacional oferece a vantagem de automatizar e simplificar o processo de dimensionamento nos envios, em que as medições precisas das áreas ou volumes dos objetos são essenciais para calcular as capacidades de armazenamento, o planeamento da carga, a logística de transporte e a faturação do envio.
Também pode verificar se as encomendas cumprem os requisitos e estão classificadas adequadamente, bem como automatizar ciclos de contagem de inventário. O que representa mais-valias no processo de expedição de encomendas, minimizando ainda mais erros ou falhas.
Apesar de serem reconhecidas todas estas vantagens, do ponto de vista industrial, e até social, continua a ser necessário trilhar um caminho para a aceitação global de todas estas “facetas” da Inteligência Artificial.
Neste contexto, é crucial a cibersegurança abordando o uso de dados, a conformidade com o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) e outras leis de privacidade e proteção de dados. Enfrentar estes desafios exige uma organização cuidadosa e a colaboração de todas as partes envolvidas.
Se todos podemos ganhar, todos devemos responder a esta chamada.
Jorge Cristina, Diretor de IT | DHL Express Portugal