Um estudo conduzido pela Transport & Environment (T&E) revela que os fabricantes europeus de automóveis estão a enfrentar um desafio crítico na aquisição de matérias-primas essenciais para alcançar as suas metas de eletrificação até 2030. A análise da entidade belga indica que, até ao momento, as fabricantes de automóveis na Europa garantiram apenas cerca de um quinto dos metais necessários para a produção de baterias de veículos elétricos (VE).

De acordo com o relatório, as empresas sediadas na Europa conseguiram apenas 14% do lítio, 17% do níquel e 10% do cobalto indispensáveis para cumprir os planos de produção e vendas de carros elétricos na próxima década.

O estudo da T&E destaca que as fabricantes com operações significativas no continente, como a Mercedes-Benz, BMW e Hyundai-Kia, enfrentam atrasos na aquisição de matérias-primas, enquanto a Ford, Volkswagen e Stellantis estão numa posição relativamente menos defasada. Por outro lado, a Tesla e os fabricantes chineses destacam-se na negociação destes metais, apresentando uma vantagem significativa na garantia de abastecimento.

Com a União Europeia e o Reino Unido a estabelecerem 2035 como prazo para a venda de novos veículos movidos a combustíveis fósseis, a pressão sobre o fornecimento de matérias-primas está prestes a intensificar-se. A Benchmark Mineral Intelligence alerta para a escassez de recursos essenciais, com a previsão de que a procura de lítio quadruplique até ao final da década, e com possíveis défices no fornecimento de cobalto e níquel.

Julia Poliscanova, diretora sénior de veículos e mobilidade da T&E, realçou a discrepância entre os objetivos das fabricantes de automóveis para os seus veículos elétricos e as suas estratégias de aquisição de minerais. “A Tesla e a BYD estão muito à frente da maioria dos players europeus, que só agora acordaram para o desafio de garantir os metais das baterias”, afirmou a responsável, em declarações ao jornal britânico “The Guardian”.

Algumas fabricantes estão a explorar alternativas para estes recursos ou podem ter acordos não divulgados para garantir o seu fornecimento. No entanto, persiste a urgência para que os fabricantes europeus aprimorem as suas estratégias de cadeia de abastecimento, assegurando os materiais brutos necessários para uma transição bem-sucedida para os veículos elétricos. Apesar destes desafios, os fabricantes europeus de automóveis destacam-se pela liderança em termos de abastecimento ético, procurando evitar problemas passados como trabalho infantil e danos ambientais associados à extração mineral.