Tal como o Peter Pan, gosto de me deslocar, regularmente, à Terra do Nunca. Este ano de 2023 – que acaba de findar – levou-me a esse local mais vezes do que as que esperava. Os motivos que lá me levaram foram, na sua maioria, para poder verbalizar alguns impropérios que não (nunca) poderão ser ditos na “Terra do Não Nunca” ou a “Terra da Culpa Morre Solteira”.
Sabem uma coisa? Este ano pequei. Gravemente. Ou como dizem os putos, “big time”. Mas, por favor, que fique entre nós, está bem?
Este ano deixei acabar o papel higiénico na minha empresa. Este meu erro foi tão grave que tive que efetuar o lay-off de quase 1000 pessoas, durante quase dois meses. Sabem, isto de comprar papel higiénico é difícil, sobretudo porque não temos um PDP eficiente e o nosso MRP tem muitos bugs… Foi instalado mas, a realidade, é que não se deu formação a ninguém. Bem, que fique claro que eu não tive culpa. Este vendor nunca me tinha falhado em 10 anos, e por isso eu nunca tinha procurado alternativas. Além disso, foi o próprio cliente final que me disse que ele era do seu “tier 1” (nunca prestei bem atenção mas, como não tenho contrato, pensei que qualquer responsabilidade de isto acontecer seria dele, mas afinal é minha. É nossa). Claro que a solução foi óbvia, quem leva sempre com as “culpas”. Sim, isso mesmo. Isto ocorreu porque “as compras falharam no seu trabalho”.
Pensei que estava tudo resolvido (quanto à culpa), mas eis que o departamento reúne, e diz-me que faz tudo o que eu peço, e que essa tem sido também a razão (que eu tenho dito, dizem) de eu não aumentar os salários há cerca de 3/4 anos. Não estava convencido, mas fui ver. É verdade! Afinal é mesmo verdade. E agora, o que faço?
Bem, recorri a um tipo chamado Miguel Nuno Silva, que me disse que eu não tenho Procurement. Estive a ver, e não é nenhum software (vá lá, não vou gastar dinheiro), mas em conversa de 30 minutos perdi a vontade de aplicar qualquer alteração ao que faço na organização, pois esses “tipos” teriam que pensar, ter autonomia, ser estratégicos (preditivos e proactivos) efetuar cost-breakdows, dual sourcing permanente em SKU’s vitais, análises TCO, de fornecedores, gestão de contratos, e…. bem, e eu acho que eles não são capazes. A sério, são boas pessoas mas não são capazes de fazer isto. A resposta que ouvi foi: “são eles que não são capazes ou é você enquanto CEO e/ou líder de equipa que não o é?”
NOTA: Qualquer semelhança com a(s) realidade(s) é pura coincidência e sim, depois deste texto existem sectores de atividade que nunca mais irão falar comigo. Só espero que não sejam todos.
Miguel Nuno Silva, Consultor Sénior Internac. & Formador Certificado em SCM, Logística e Procurement
Precisamos estar atentos ao mercado quer com fornecedores efetivos como com emergentes, sobretudo, com os últimos que podem estar a inovar. Pois são um seguimento a ter em conta em termos de eficácia e eficiência no que irão vender.