A situação do transporte marítimo no Mar Vermelho e nas proximidades do Canal do Suez continua a ser muito incerta. No entanto, segundo Thomas Cullen, da Ti Insights, o impacto no mercado de contentores até ao final do ano parece ter sido moderado.
A resposta das companhias de transporte marítimo de contentores aos ataques tem sido hesitante, tendo a Maersk planeado retomar alguns serviços através do Canal do Suez, aparentemente influenciada pela presença naval de várias nações. A última nota de “aconselhamento” da Maersk parece implicar que os serviços programados para o final de janeiro e fevereiro serão encaminhados através do Canal do Suez, enquanto os serviços no início de janeiro estão a ser desviados através do Cabo.
A Hapag Lloyd, em contrapartida, declarou à agência noticiosa Reuters que “continuaria a desviar os seus navios em torno do Canal do Suez por razões de segurança”, embora fosse rever a situação hoje, 2 de janeiro.
É certo que a situação política e naval na região está agitada. No dia 21 de dezembro, foi noticiado o ataque a um navio-tanque de produtos químicos ao largo da costa de Gujarat. Foram encontrados no navio destroços que se acredita serem de um drone “Shahed 136”, o que, segundo detalha Cullen, sugere que o ataque foi lançado pelo Irão, embora não seja clara a razão pela qual o Irão atacaria navios em águas indianas, uma vez que a Índia é um dos mais importantes parceiros comerciais do Irão.
Entretanto, continuaram os lançamentos de mísseis a partir da costa do Iémen, com novas interceções de drones e mísseis balísticos por navios de guerra ocidentais no período que antecedeu o Ano Novo. O que parece estar a desenvolver-se é um confronto mais amplo entre o Irão e os seus muitos inimigos no Ocidente e na região.
No entanto, até agora, o impacto nos mercados de contentores parece ter sido moderado. Os números publicados pela Freightos sugerem que as tarifas na rota Ásia-Norte da Europa aumentaram 11% para 1.621 dólares por unidade equivalente a quarenta pés, enquanto as tarifas Ásia-Mediterrâneo foram 5% mais elevadas, para 2.525 dólares por unidade equivalente a quarenta pés, na semana anterior a 28 de dezembro.
Tendo em conta o contexto, em que as companhias de navegação tentam forçar “aumentos gerais das tarifas” aos seus clientes, estes aumentos não descrevem segundo Thomas Cullen um mercado em crise, que considera importante ver qual será a dinâmica em janeiro e se as companhias de navegação estarão dispostas ou serão capazes de utilizar o “clima de crise” para fazer subir as taxas.