Foi em fevereiro de 2023 que o grupo Manuport Logistics deu entrada em Portugal através da compra da Cargolândia, um transitário português. Esta aquisição insere-se na estratégia de desenvolvimento global da multinacional de logística belga, que visa expandir a sua rede de escritórios no sul da Europa. Passado cerca de ano desde a sua entrada em solo português, José Ferreira, managing director da Manuport Logistics em Portugal, fez um balanço sobre o primeiro ano de atuação, e como irá a empresa posicionar-se durante o ano de 2024.

 

SCM: Por que motivo decidiram dar entrada no mercado português?

José Ferreira – A Manuport Logistics é um player global com uma presença substancial no Mediterrâneo. Com uma boa parceria já existente com a Cargolândia, expandir para Portugal foi, simplesmente, o próximo passo natural para garantir a cobertura completa do Mediterrâneo.

Qual o balanço que faz do primeiro ano de atividade em Portugal? E como tem sido a evolução do mercado ao longo deste ano?

O nosso primeiro ano em Portugal superou as expectativas. O mercado tem demonstrado alguma resiliência, adaptando-se às mudanças globais. Estamos entusiasmados com algumas tendências positivas e com a adaptação das nossas estratégias para o sucesso contínuo.

Quais os principais objetivos e desafios que enfrentaram durante este ano?

O nosso foco foi honrar parcerias duradouras e construir novos relacionamentos locais, mas acima de tudo, estabelecer um serviço de confiança para através do qual conseguirmos transmitir a mais-valia daquilo que fazemos. Estabelecer uma cultura de um grupo diferente, e de uma forma de estar diferente. A maneira como nos relacionamos transversalmente, desde o operador de armazém até ao CEO, é algo que eu, já com alguma “bagagem” de multinacionais, ainda não tinha encontrado. Isto facilitou, e muito, o grande desafio que foi a integração de todas as pessoas. Novas regras, nova cultura, e novos métodos de trabalho, é sempre algo que “atormenta” as pessoas na mudança de projetos. Com todas as condições e ferramentas à nossa disposição, hoje, podemos dizer que superamos esse desafio com distinção. Temos uma equipa fabulosa recheada de ótimos profissionais não só com a experiência necessária, mas também com a flexibilidade e know-how necessários à adaptação de novos serviços e novas formas de trabalho, e perfeitamente “aculturados” com o grupo Manuport Logistics no sentido de melhor servir os nossos clientes.

Qual a estratégia da Manuport Logistics para o ano de 2024? O que esperam alcançar? 

A nível global, a Manuport Logistics está focada na expansão mundial, mas especificamente na vibrante região APAC (Ásia-Pacifico), com várias aberturas recentemente efetuadas, e outras num futuro muito próximo. A nível local, a curto prazo, teremos representações comerciais na região de Coimbra e na zona de Lisboa, onde poderemos expandir o portfolio de serviços que oferecemos. O objetivo do grupo para 2024 é muito ambicioso. Portugal não fugirá à regra, por isso esperamos alcançar uma maior quota de mercado nos serviços que já efetuamos e, paralelamente, desenvolver alguns negócios verticais que são core do grupo, como é o caso do transporte de líquidos a granel, não perigosos em flexitanques bem como de isotanques.

Como esperam lidar com os desafios que estão a marcar o setor do transporte, como o aumento dos preços ou o redireccionamento de rotas marítimas?

Quase como que um déjà-vu dos tempos da COVID-19. Acredito que seja algo impactante para os nossos clientes, e somos muito sensíveis a isso. Assim, estamos a efetuar esforços adicionais, juntamente com os nossos parceiros, para ir encontrando as melhores e mais fiáveis soluções de transporte, minimizando o impacto destas alterações, quer em termos de custo, quer em termos de tempos de trânsito. É um trabalho exaustivo de procura e negociação constante para podermos colmatar as necessidades dos nossos clientes, muito exigente para os nossos profissionais, e de grande compromisso com as empresas que nos confiam as suas cargas.

O tempo da COVID-19 deu-nos experiência suficiente para melhor conduzir este momento, mas as condições de mercado não são as mesmas. O consumo está a desacelerar, logo temos de intervir “cirurgicamente” no que realmente tem de vir. Desta vez não será tudo para carregar e a qualquer preço, pois o mercado não irá suportar. Espero e acredito que seja apenas um momento, e que a ordem seja reposta brevemente, pelo menos para estabilizar os tempos de trânsito, já que os fretes, obviamente, vão demorar um pouco mais a efetuar o caminho inverso, como sempre. A questão da disponibilidade do equipamento, devido a alterações de rotas e tempos de trânsito mais longos, poderá também não ser despiciente e influenciar a questão dos fretes em alguns trades.

Atuando num mercado onde já existem tantos intervenientes, como pretendem destacar-se e fazer a diferença?       

Ser diferente, a cada passo do caminho. Atendimento ao cliente excecional, tecnologia de ponta, um compromisso com a sustentabilidade e, especialmente, a nossa cultura “Be diferent – Be MPL” (“seja diferente – seja MPL”) é o que nos diferencia. Um colaborador feliz é um cliente feliz! A nossa abordagem flexível, transparente e confiável repercute-se nos clientes, tornando-nos a escolha preferida num cenário muito competitivo, mas que, felizmente, tem feito a diferença!

Quais os projetos que têm delineados para o futuro?   

O que descrevi como a estratégia é o que queremos aplicar para um futuro próximo. O nosso projeto principal é concretizar a estratégia delineada pelo Board do grupo. Obviamente que também queremos consolidar a marca em Portugal, continuar a crescer, a valorizar e reconhecer os nossos profissionais. Fazer da Manuport Logistics uma referência no setor é algo intrínseco ao caminho que vamos fazendo.

Mantermos também a distinção pela Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) relativa as boas práticas na promoção da Igualdade Remuneratória entre Mulheres e Homens por trabalho igual ou de igual valor, com o Selo da Igualdade Salarial 2023, é um projeto muito importante para nós que irá ter mais desenvolvimentos em 2024. Na área da responsabilidade social também já temos projetos em curso de vários apoios, não só financeiros, mas onde os nossos profissionais também colaboram com a disponibilidade do seu tempo para tarefas diversificadas.

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