Durante a manhã do segundo dia da SCM Conference 2024, que ocorreu nos dias 7 e 8 de maio, houve um momento de especial interesse para o setor do procurement, e que procurou reconhecer a importância do procurement nas organizações.

Foi com o tema “Procurement: o game-changer na gestão da cadeia de abastecimento?”, que Pedro dos Santos Vareda, corporate procurement director da Luís Simões Logística Integrada, Tiago Cruz, lead – procurement and sourcing EMEA da ORICA, Francisco Machado Serra, procurement & supply chain manager da The Force CT GmbH, iniciaram o debate, tendo a moderação de Marcela Castro, professora Adjunta ESCE IPS.

Nos últimos anos, o procurement tem ganhado mais relevância dentro das organizações, e a pandemia foi importante para destacar a sua importância. Pedro dos Santos Vareda destacou a mudança de mentalidade que ocorreu desde a pandemia, pois “até 2019 olhava-se muito para o preço, e agora olha-se muito para o custo”.

Ao nível da supply chain, apontou que o procurement é fundamental para garantir o abastecimento da cadeia, reforçando a ideia de que “cada euro que poupamos é um euro direto nas contas da empresa”.

 

“Vivemos uma época de transformação e inovação digital sem precedentes”

– Francisco Machado Serra

 

A transformação digital foi apontada como sendo uma base importante para as operações das equipas, e Francisco Machado Serra reforçou a importância de as empresas não se fixarem apenas nos processos digitais e atualizarem-nos, implementando ferramentas de data analytics e machine learning, pois os modelos atuais com que as empresas trabalham já não são adequados. Como exemplo disso, refere que a maioria das empresas portuguesas ainda utiliza o Excel para fazer estes processos, mas que “o comboio a vapor já foi uma grande inovação, mas hoje não faz qualquer sentido”.

Tiago Cruz destaca que esta área deverá estar focada na inovação e “incorporar o chapéu do transformacional” para “sermos o driver do challenge”.

De modo a poderem inovar e agregar ainda mais valor, aponta ainda que o procurement tem de compreender não só de que forma o consegue fazer, mas também, se ao fazê-lo, está a fazer o melhor para a empresa e para os clientes, e que para isso é necessário ter voz nas organizações e estar a par dos processos para conseguir tomar as melhores decisões. “O procurement tem de estar junto dos negócios, de estar nos comités, porque o impacto é direto”, afirma.

Pedro Santos Vareda salienta a necessidade de procurar essa envolvência: “eu quero que a minha equipa esteja focada no plano estratégico de sourcing e que esteja envolvida com os fornecedores”. Para tal, procuram estar atentos e trabalhar com os seus fornecedores estratégicos de modo a conseguirem agregar valor para o negócio.

 

“Temos de conhecer a nossa cadeia de valor e responsabilizarmo-nos por ela”

– Marcela Castro

 

Francisco Machado Serra deixa a conclusão de que o procurement deve ser considerado um departamento estratégico, e “não deve ser considerado um cost center, mas um profit center, ou seja tem de ser um negócio dentro do próprio negócio”.