Para os líderes empresariais que exploram formas de aplicar IA generativa nas suas empresas, pode ser difícil decidir por onde começar, o que será facilmente escalável e o que irá proporcionar maior retorno. No entanto, a resposta pode ser muito mais simples do que parece – é, sem dúvida, automação. Quando a IA é integrada com a tecnologia de automação é designada de “automação inteligente” e é uma forma de as empresas colocarem a IA generativa a funcionar.
Recentemente, foi publicado um estudo global, “Tirar partido da oportunidade de IA e automação”, baseado em 2.000 entrevistas a executivos de variados setores, que revela que os líderes C-suite estão a reconhecer os benefícios operacionais e, em última análise, financeiros, da automação inteligente. De acordo com o relatório, uma impressionante percentagem de 92% dos executivos entrevistados espera digitalizar os fluxos de trabalho das suas organizações e tirar partido da automação alimentada por IA, até 2026.
Mas, porquê automação? À medida que as empresas passam por esforços de transformação digital e integram dados e tecnologia em todas as suas operações e processos, criam a oportunidade de automatizar iniciativas empresariais – sejam de menor ou maior dimensão – tais como tarefas administrativas, fluxos de trabalho, monitorização e integração entre plataformas. Ao mesmo tempo, a transformação digital também aumenta consideravelmente a complexidade dos sistemas tecnológicos, plataformas e infraestruturas em que as empresas funcionam, por isso não é surpresa que as organizações de TI tenham estado na vanguarda da automação. O estudo mostra que os executivos esperam que as taxas de automação na gestão de serviços de TI, DevSecOps e gestão de operações de TI dupliquem, ou mais, nos próximos três anos.
Por exemplo, quando uma empresa está suficientemente avançada na sua transformação digital, os seus sistemas podem ser tão complexos, com um volume de dados a fluir tão rapidamente, que é quase impossível os engenheiros conseguirem fazer a monitorização por si próprios. Esta é uma área onde a automação não é apenas “agradável” de se ter, mas torna-se também um imperativo comercial. A ferramenta de automação certa pode monitorizar enormes quantidades de informação mais rapidamente do que qualquer cérebro humano e alertar os engenheiros sobre problemas, com base em regras predefinidas sobre o uso de energia, capacidade de armazenamento, custos e outros fatores críticos para o negócio.
Se aplicarmos a IA generativa à já impactante tecnologia de automação, não se trata apenas de monitorizar, mas de identificar e aprender padrões. Não se trata apenas de alertar os engenheiros sobre um problema, mas também de elaborar relatórios sobre causas prováveis e sugerir soluções – antes de o problema ocorrer.
As organizações de TI podem parecer uma área óbvia para observar um retorno de investimento na automação inteligente, dada a enorme quantidade de dados produzidos em velocidades impossíveis de serem processadas pelo cérebro humano, em tempo real. Mas, tal como os sistemas de TI se estão a tornar mais complexos, o mesmo acontece com as unidades de negócio nas organizações.
Então, de que mais formas a combinação entre IA generativa e automação se mostra preponderante? Espera-se agora que todos os departamentos e colaboradores consigam processar mais informações, com maior rapidez e gerir mais dados, em mais ferramentas e plataformas, que por vezes são incompatíveis. A automação pode ser tão útil para agilizar processos e eliminar a fadiga de tarefas repetitivas para estas equipas como também para as de TI, mas existe uma barreira importante: as equipas não técnicas não possuem as competências de engenharia necessárias para programar automações.
Agora, se aplicarmos a IA generativa à ferramenta de automação para que os colaboradores não técnicos possam usar linguagem natural para programar o que desejam automatizar, esta barreira será quebrada. Neste momento, há um número significativo de líderes empresariais que estão a pensar como podem implementar esta tecnologia no local de trabalho, para capacitar os funcionários e aumentar a produtividade. Na verdade, 54% dos executivos entrevistados disse que está a analisar o papel da automação e da IA na disponibilização de novas formas de trabalhar.
A transformação digital necessária para qualquer empresa sobreviver na atual economia global, competitiva e em rápida evolução, pode trazer complexidade, mas também cria oportunidade para a automação e para a aplicação da IA generativa. Os líderes empresariais que desejam encontrar formas de aplicar a IA generativa devem começar por observar onde é que a automação poderia causar, ou talvez já esteja a causar, um impacto marcante nas suas organizações.
O estudo indica que oito em cada dez executivos C-suite concordam que os benefícios da IA generativa compensam os potenciais riscos. E, quando nos apercebemos do poder da IA generativa com a automação, é fácil compreender o motivo.
Gonçalo Costa Andrade, Software & Security Services Portugal Director | IBM