A Docapesca alertou que vários barcos de pesca têm ficado em terra e outros condicionados devido à falta de gelo para conservar o pescado. A gestora dos portos portugueses avançou que a elevada procura de gelo nesta época levou à falta de gelo, essencial às operações marítimas, ao que se juntou uma avaria num dos geradores da fábrica de gelo de Quarteira.

A Olhãopesca, organização de produtores algarvia, também alertou que no passado dia 25 de julho, no porto de Quarteira, vários barcos de pesca foram impedidos de exercer a sua atividade devido à falta de gelo para conservar o pescado.

O presidente da Docapesca, Sérgio Faias, avançou à Lusa que a capacidade instalada da empresa e dos privados nem sempre é suficiente para abastecer todos os interessados, e que a avaria no equipamento veio prejudicar ainda mais o abastecimento do mercado.

Segundo avançou, a situação ficou regularizada na manhã de quinta-feira, com o fornecimento de 15 toneladas de gelo à lota de Quarteira, enquanto a reparação da fábrica se encontrava em conclusão.

“Desde o início da safra da sardinha, a Docapesca já contratou a aquisição de 299 toneladas de gelo para a região do Algarve, das quais 135 toneladas foram para Quarteira”, revelou, adiantando também à fonte que, de modo a garantir uma maior disponibilidade de gelo, a Docapesca tem vindo a desenvolver contratos de manutenção preventiva e assistência técnica para as suas fábricas.

Ao nível da logística, Sérgio Faias explica que os equipamentos de frio estão muito dependentes “da intensidade do uso e das condições atmosféricas envolventes”, e avançou que também foram estabelecidos contratos de abastecimento de gelo com produtores externos para dar resposta às necessidades dos pescadores e armadores.

A Lusa avança que também a região oeste do Algarve (Barlavento) registou problemas no abastecimento de gelo, segundo um alerta da Barlapescas. A entidade apontou que a falta de gelo, seja por avarias ou por falta de manutenção das máquinas, afeta os portos de pesca de Portimão e Sagres.

No caso de Sagres, Sérgio Faias comentou que, devido ao expectável aumento de consumo de gelo, está em conclusão um processo para o aluguer de duas fábricas de gelo adicionais, vindas de Espanha, e que a partir de agosto irão ficar a operar em Sagres até ao final da safra da Sardinha, evitando assim um esforço adicional à produção de gelo do Arade.

“Esclareça-se ainda que, num passado recente, a operação da fábrica de gelo existente na lota de Sagres foi interrompida por a mesma não garantir as condições nominais de funcionamento. No entanto, quando se encontrava a ser desenvolvido o projeto para a sua reabilitação, houve uma manifestação de interesse por parte da organização de produtores Barlapescas em construir e explorar uma nova fábrica de gelo no porto de pesca de Sagres”, referiu o presidente da Docapesca à fonte, sendo que, desde aí, a entidade tem apoiado a Barlapescas no desenvolvimento de um projeto da nova fábrica de gelo, como é o caso da preparação de uma candidatura ao Programa Operacional MAR2030 para obterem o financiamento necessário para a nova fábrica.