O maior fabricante de aço do mundo, a empresa chinesa Baowu Steel Group Corp, alertou para uma crise sem precedentes no setor, que enfrenta já uma quebra acentuada dos preços nos principais mercados.
Falando na reunião semestral da siderúrgica, o presidente do conselho de administração, Hu Wangming, afirmou que a indústria atravessa um “inverno duro”, que será “maior, mais frio e mais difícil de suportar do que se esperava”, numa alusão às crises vividas em 2008 e 2015.
Este alerta surge numa altura em que o minério de ferro atinge o seu nível mais baixo desde 2022, com os preços de referência a sofrerem uma queda na ordem dos 30%.
O mercado de aço da China, o maior a nível mundial, tem exibido múltiplos sinais de alarme decorrentes da prolongada crise imobiliária, que parece estar longe do fim, bem como da desaceleração da atividade industrial. Só a Baowu é responsável por 7% do aço produzido globalmente.
O alerta do presidente da empresa poderá constituir uma fonte de preocupação para os concorrentes asiáticos, europeus e norte-americanos, até porque enfrentam uma onda de exportações chinesas. Estima-se que, este ano, atinjam as 100 milhões de toneladas, o maior volume desde 2016, propulsionado pela quebra a nível interno. A este propósito, a ArcelorMittal já veio dizer que o aumento das exportações chinesas coloca o mercado global numa situação insustentável.
De referir que o mercado de futuros de ferro de Singapura tem conhecido uma quebra na ordem dos 3,4%, para os 95,20 dólares por toneladas, o valor mais baixo desde maio de 2023. A descida é ainda mais acentuada nos futuros do vergalhão de aço, com o mercado de Xangai a cair 4% para o seu valor mais baixo desde 2017.