No início da tarde da Procurement Conferência, abordaram-se os temas das compras públicas sustentáveis e foi apresentado um caso de sucesso de transformação digital na área de procurement e logística.
Sandra Tavares, lawyer da Miranda & Associados, apresentou em que consistem as compras públicas ambientalmente sustentáveis, bem como a sua importância, o enquadramento legal das mesmas, e os critérios ecológicos. “A sustentabilidade não é nenhuma buzzword”, começou por dizer, enfatizando a sua relevância e como está na ordem do dia. Os contratos públicos e ecológicos são processos através dos quais se compram bens e serviços com um impacto ambiental reduzido ao longo do seu ciclo de vida. Atualmente, na área das compras públicas, o paradigma está a mudar, ou seja, estamos a observar uma evolução das tradicionais regras sobre como comprar, isto é, na ótica da relação qualidade/preço, para sobre o que comprar, ou seja, comprar “verde”.
Segundo Sandra Tavares, os contratos públicos ecológicos podem ser vistos como um motor de inovação, uma vez que propiciam incentivos ao desenvolvimento de produtos e bens ecológicos em determinados setores, mas também podem proporcionar poupanças financeiras às entidades públicas, se tiverem em conta os custos totais do ciclo de vida, e não apenas o preço da compra. “Seguindo esta perspetiva, há quem entenda que os bens e serviços ecológicos não são mais caros do que os produtos com impacto ambiental mais elevado. Assim, acaba-se por passar a ideia de que a sustentabilidade é tão benéfica para o ambiente, como para a economia. Isto é um argumento muito importante para qualquer organização de compras, quer seja pública ou privada, especialmente quando utilizam nos seus processos aquisitivos o critério da melhor situação qualidade/preço”, explica.
Indicou alguns exemplos de contratos ecológicos, desde logo a compra de computadores energeticamente eficientes, material de escritório em madeira sustentável, papel reciclado, serviços de limpeza e de higiene que utilizem produtos ecológicos, viaturas elétricas, entre outros. “Atrevo-me a dizer que as entidades que aplicam contratos públicos e ecológicos estarão melhor preparadas para enfrentar a evolução dos desafios ambientais, por exemplo, na redução das emissões de gases com efeito estufa, ou para avançar para uma economia mais circular.” No fim, deixou três considerações finais. A primeira é que não adianta ter um procedimentos completos e elaborados alinhados com os objetivos se não houver um acompanhamento eficiente da execução do contrato para garantir que tudo é cumprido em conformidade. A segunda passa pela a necessidade de as entidades públicas terem mais tempo para se adaptarem a esta realidade. Por último, do ponto de vista do mercado, não existem garantidas de que todas as empresas privadas já estão preparadas para dar resposta a estas necessidades, pois nem todas têm os mesmos recursos.
De seguida, Pedro Coutinho, Cegid Business Unit manager da Pontual Software Solutions, e Hugo Esteves, diretor financeiro da Geometrik Target, apresentaram a sua colaboração de sucesso. Pedro Coutinho começou por questionar Hugo Esteves sobre os desafios da empresa, que já conta com 12 anos, em termos de sistemas de informação. O diretor financeiro explicou que a empresa veio “do tempo do Excel”, mas que, a dada altura, sentiram que não era suficiente para acompanhar o volume de negócios. Já tinham o ERP da Cegid, mas decidiram associar um CRM. Contudo, aperceberam-se de que já não era suficiente ter o ERP e o CRM de forma separada. Então, integraram os dois softwares com a ajuda da Pontual. No fundo, o objetivo passava por dar à área comercial, a capacidade de saber, em tempo real, quais os produtos que têm, e para quando poderiam ter os que já não tinham. Os desafios para a Geometrik na área do procurement passam pelo facto de terem fornecedores europeus, mas também asiáticos, o que impacta transporte marítimo e vários tempos de trânsito. Assim, é preciso todo o processo estar afinado para conseguir dar uma resposta rápida ao cliente e cumprir os prazos estipulados. Através desta integração foi possível terem todo o processo alinhado e conseguiram ter todas as informações para conseguir passar ao cliente. “Temos de ter a nossa área de compras muito afinada para a nossa área de vendas funcionar bem”, afirmava Hugo Esteves.