Segundo um estudo realizado pelo Tony Blair Institute for Global Change, de Londres, a par do Ministério ucraniano da Economia, as minas terrestres russas podem ser um perigo ao abastecimento mundial de cereais, bem como à segurança alimentar global.
Em entrevista à Donbas Realii, estação regional de notícias do Serviço Ucraniano da Rádio Europa Livre, um agricultor relatou que arriscou a sua vida ao “arrancar as minas com as próprias mãos”, e que esta ainda é uma realidade também para outros agricultores.
Apesar dos explosivos terrestres deixados pelas tropas russas em solo ucraniano, as exportações ucranianas apresentaram um crescimento entre julho de 2024 e junho de 2025. Durante este período, a Ucrânia exportou um total de 13 milhões de toneladas de grãos, face aos 8,3 milhões do período homólogo, entre os quais 7,2 milhões de toneladas de trigo, 3,8 de milho e 1,7 de cevada. Ainda assim, este país tem pela frente a continuação da guerra e os desafios do clima seco que se tem sentido, o que levou a quebras de produção, sendo que esta continua a ser a maior fonte de receita do país.
De recordar que, antes dos ataques russos, em 2022, a Ucrânia exportava por mês cerca de 6 milhões de toneladas de grãos através do Mar Negro, estando a exportar agora, anualmente, pouco mais do equivalente a dois meses no pré-guerra.
O Primeiro-Ministro do Reino Unido, Keir Starmer, declarou na passada terça-feira que os ataques russos aos portos ucranianos do Mar Negro estão a atrasar os embarques de grãos. “Os ataques indiscriminados da Rússia aos portos do Mar Negro ressaltam que Putin está disposto a arriscar a segurança alimentar global nas suas tentativas de forçar a Ucrânia à submissão”, alertou em comunicado.
No início de outubro, pelo menos quatro navios de carga foram atacados por drones russos, entre os quais um que transportava 6.000 toneladas de milho, de acordo com a BBC.
Como resultado do clima seco, o S&P Global Commodity Insights antecipa uma quebra nas exportações, mais concretamente de 16% no trigo e de 25,4% no milho, tendo como principais mercados Espanha, Indonésia e Vietnam.
Portugal, Espanha, Itália e Países Baixos ainda demonstram interesse no milho ucraniano, mas a fonte indica que o crescimento dos preços diminuiu ligeiramente a competitividade do milho ucraniano na UE, em comparação ao Brasil e aos EUA.
A S&P Global indica que a Turquia poderá surgir como um novo destino-chave para o milho ucraniano, tendo o seu interesse atingido 239 dólares/tonelada durante a segunda semana de outubro, para um contrato de entrega de um mês, tendo reduzido temporariamente o imposto de importação de milho de 130% para 5% para até 1 milhão de toneladas até ao final de 2024, levando os compradores a procurar entregas rápidas.