O mundo está de olhos postos nos Estados Unidos da América e nas eleições presidenciais. Os candidatos, a atual vice-presidente Kamala Harris e o antigo presidente Donald Trump, apresentam visões muito diferentes para o país. Neste artigo, exploramos as diferenças fundamentais entre os candidatos em relação a questões cruciais como o comércio, o transporte e a gestão da cadeia de abastecimento.
O antigo presidente Donald Trump, republicano, governou durante quatro anos, adotando um misto de políticas protecionistas e de comércio livre, com uma tendência clara para o protecionismo. Os direitos aduaneiros tornaram-se uma questão central, após décadas de relativa inatividade. No final do seu mandato, Trump adotou uma postura agressiva em relação às tarifas, especialmente nas relações comerciais com a China.
Uma vitória de Trump poderá resultar em menos previsibilidade e cooperação com aliados globais, como a União Europeia, além de um aumento das tensões comerciais com a China. Espera-se que, sob uma presidência de Trump, haja uma diminuição de projetos de lei favoráveis aos sindicatos e um esforço para reduzir a dependência dos EUA em relação à produção estrangeira, trazendo as cadeias de abastecimento de volta para a América. No entanto, isso poderá resultar em custos mais elevados para os consumidores.
Kamala Harris, atual vice-presidente, democrata, tem estado no cargo há quase quatro anos e, anteriormente, foi senadora da Califórnia. Durante a administração de Joe Biden, o governo enfrentou a pandemia e a recuperação da COVID-19, lidando com problemas significativos na cadeia de abastecimento que estavam, em grande parte, fora do controlo político.
Se eleita, Harris provavelmente adotará uma abordagem mais favorável ao comércio livre. Embora Biden tenha sido um presidente “pró-sindicato”, espera-se que uma administração Harris continue a tendência de construir componentes tecnológicos nos EUA, diversificando as cadeias de abastecimento e reduzindo a dependência externa. Contudo, tal como com Trump, isso poderá ter repercussões financeiras para os consumidores.
Implicações para a Europa e relações com a China
Nos últimos meses, um grupo de trabalho da Comissão Europeia analisou os cenários pós-eleitorais nos EUA e as suas implicações para a Europa, incluindo uma possível escalada das tensões entre Pequim e Washington. Desde 2016, as relações entre os EUA e a China deterioraram-se, refletindo uma abordagem de “quintal pequeno, cercas altas”, com restrições rigorosas a tecnologias com potencial militar.
A China é o segundo maior parceiro comercial da União Europeia, tornando difícil para Bruxelas adotar uma postura dura, mesmo sob pressão dos EUA. Em 2023, o comércio da UE com a China resultou num défice de 292 mil milhões de euros, com equipamentos de telecomunicações e máquinas elétricas entre os principais bens importados.
Kamala Harris afirmou que a sua presidência não seria uma mera continuação da de Joe Biden. Embora isso possa ser verdade em termos de política interna, é improvável que uma vitória da candidata a presidente provoque grandes mudanças a nível global, especialmente em termos económicos.
Trump propôs uma taxa universal de 10% ou 20% sobre produtos fabricados no estrangeiro, além de tarifas de importação de 60% sobre produtos chineses e 100% sobre automóveis importados. Estas medidas podem remodelar significativamente as relações comerciais internacionais e as cadeias de abastecimento, afetando especialmente a indústria automóvel alemã.
Independentemente de quem vença, as políticas comerciais continuarão a ser um ponto de fricção entre os EUA e a Europa, especialmente em relação à China. A imigração também será uma área de mudança, com Trump a prometer uma abordagem mais restritiva. Contudo, tanto ele como Kamala Harris reconhecem a importância da mão de obra imigrante na economia dos EUA, especialmente nas indústrias transformadoras e tecnológicas.