Transformação Digital (DTx). Este conceito tem significados diferentes, dependendo a quem se pergunta. No fundo, é simples. As empresas deveriam perguntar-se como se querem posicionar no atual cenário complexo, e como vão utilizar a tecnologia para gerar uma vantagem competitiva que defenda a sua proposta de valor.

A DTx é a resposta a estas perguntas. O problema é que, hoje, implementar tecnologia avançada é como falar inglês. Nos anos 80, falar inglês enquanto se vivia em Espanha ou Portugal, era uma vantagem. Atualmente, não falar é uma desvantagem. Não adotar tecnologia digital, hoje, é um obstáculo para se manter competitivo.

Dito de outra forma, no futuro haverá 3 tipos de empresas: as que se adaptaram, as que foram absorvidas, e as que já não existem. Atualizar a proposta de valor e completar uma transformação digital com êxito determinará em qual dessas categorias uma empresa se encaixará.

O problema é que a tecnologia avançou mais rapidamente do que as empresas, e muito poucas já alcançara o “Santo Graal”: um elevado grau de automação, e muitas tomadas de decisão baseadas na utilização de Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning (ML).

Por isso, partilho sete aspetos que as empresas de logística (e também manufatura) devem ter em conta. São “musts” para adotar modelos de IA que as empresas e grandes firmas de consultoria, tendem a ignorar, acabando por gerar atrasos, frustrações e falhanços.

  1. Em média, 15% do custo de colocar em marcha um projeto de IA complexo é gasto na primeira tentativa, e 85% nas seguintes iterações. Tenha isso em mente para não ficar sem recursos logo no início.
  2. Recursos: Estima-se que por cada 1.000 FTE (Full Time Equivalent), as empresas deverão adquirir 25 novos perfis (60% tecnólogos e 40% de perfis híbridos de negócio/tecnologia). Contar com perfis híbridos é essencial num novo cenário. No ponto 6, explico melhor.
  3. Implementar um modelo de IA requer bases robustas. Refiro-me, pelo menos, a uma estratégia bem definida, infraestrutura e políticas de segurança.
  4. Convergência IT/OT: IT direcionado para a segurança, e OT direcionado para a implementação de sistemas que ajudem a solucionar os seus problemas. Se não tiver isto em conta, a transformação digital descarrilará a 100%.
  5. O dado deve ser relevante e contextualizado porque os dados sem contexto não valem de nada. 97% dos dados que têm a maioria das empresas não estão a ser utilizados. Uma razão é, precisamente, porque os dados não têm contexto.
  6. O líder: um orquestrador de recursos capaz de aprender rápido novas tecnologias, e com habilidade para efetuar um “match” entre necessidade e solução. Mais importante do que ser expert numa tecnologia, é adaptar-se e entender de forma rápida, a nível funcional, para que serve, os riscos e os benefícios para o negócio. “A especialização é para os insetos”, como diria Robert Heinlein.
  7. O líder (mais uma vez): alguém funcional em ambientes de alta incerteza, como os de hoje. Um jardineiro que cria o ambiente adequado para que os tomates cresçam, não um jogador de xadrez que ambiciona solucionar grandes complexidades com a jogada perfeita, no momento exato. Isto é o que funciona nas grandes corporações. Digo-o por experiência.

Enrique CondeGil, Digital Transformation Leader | CondeGil