Os fornecedores de componentes automóveis estão a equacionar quanta da sua produção pode ser transferida para os Estados Unidos, numa reação à intenção do presidente eleito, Donald Trump, de impor tarifas às importações.
A indústria automóvel já viveu oito anos de protecionismo norte-americano, desde as tarifas da primeira administração Trump às impostas pelo presidente cessante, Joe Biden, ao abrigo do U.S: Inflation Reduction Act. Muitas destas tarifas visavam, especificamente, a China.
Mas o presidente eleito, que toma posse a 20 de janeiro, vai mais longe e pretende impor uma taxa de 10% sobre todas as importações dos Estados Unidos, subindo para os 60% no caso dos produtos chineses. Em novembro último, referiu que as compras ao Canadá e ao México seriam taxadas em 25%.
Numa análise a estas medidas, a agência de notícias Reuters nota que no caso da China poderá ser virtualmente impossível vender produtos nos Estados Unidos. Além disso, será difícil transferir estas tarifas para os consumidores. E, no caso das componentes automóveis, tornará economicamente inviável a produção em mercados de baixo custo.
“Basta fazer as contas”, afirmou o presidente da Bosch na América do Norte, Paul Thomas, adiantando que a empresa está a equacionar transferir a produção de algumas das suas peças de eletrónica de mercados como a Malásia para o México ou o Brasil.
Também a Honda está a ponderar mudar a sua produção no México, onde fabrica 200 mil veículos anualmente, sendo 80% exportados para os Estados Unidos. Falando numa mesa redonda na CES, o vice-presidente executivo, Noriya Kaihara, afirmou que, dependendo dos níveis de taxação, a empresa poderá considerar novas localizações, nomeadamente para o Japão.