Quando pensamos em revoluções na moda, Shein e Zara são nomes que imediatamente nos vêm à cabeça. Cada uma à sua maneira, elas redefiniram o que significa rapidez, inovação e eficiência no setor. Mas, mais do que uma disputa entre gigantes, estas duas marcas são o reflexo de um mundo em constante transformação — um mundo onde a adaptação é a única constante.
Imaginem isto: um consumidor vê uma tendência viral nas redes sociais e, poucas semanas depois, pode encontrar uma versão dessa mesma tendência na Shein, pronta para ser encomendada. Esta é a essência da sua agilidade. Em apenas 1 a 3 semanas, transformam ideias em produtos, utilizando um modelo de produção por encomenda que minimiza desperdícios e maximiza a capacidade de resposta ao mercado. Ao mesmo tempo, cada clique, cada interação, cada partilha nas redes sociais alimenta o seu sistema de tomada de decisão, criando um círculo virtuoso de inovação orientada por dados.
Do outro lado, temos a Zara, que já foi sinónimo de revolução com o seu modelo “just-in-time”. Lembro-me de quando falávamos sobre como a Zara redefinia o mercado ao colocar novas coleções em loja duas vezes por semana. Essa estratégia mudou o jogo ao oferecer ao consumidor um fluxo constante de novidades, criando um sentido de urgência e exclusividade. Mas agora, a Zara enfrenta um desafio diferente: competir com a rapidez e a fluidez de um rival digitalmente nativo como a Shein. Apesar disso, acredito que a Zara tem algo que a Shein ainda não conquistou por completo: uma infraestrutura robusta, uma rede logística global bem estabelecida e, sobretudo, uma história de inovação que lhe dá a possibilidade de liderar uma nova era. Esta liderança pode centrar-se não apenas na digitalização, mas também na sustentabilidade, uma área onde as expectativas do consumidor estão a crescer rapidamente.
E aqui surge uma questão central: sustentabilidade. Enquanto a Shein impressiona com a sua agilidade, é inevitável questionar o impacto ambiental de um modelo de produção tão rápido e acessível. O fast fashion, por definição, tem sido criticado pelo seu impacto negativo no meio ambiente, e marcas como a Zara, com maior visibilidade e experiência, têm uma oportunidade única de adotar práticas mais sustentáveis e, assim, redefinir o futuro do setor. Imaginem uma Zara que combina a sua capacidade de inovação com uma abordagem focada em circularidade e responsabilidade ambiental. Esta seria uma mudança de paradigma.
Mas esta luta não é apenas entre Shein e Zara: é um sinal claro para todos os setores. A digitalização deixou de ser um luxo ou um fator diferenciador — tornou-se essencial. Empresas que não integram ferramentas digitais e processos ágeis estão a lutar para recuperar o atraso. No entanto, a questão vai além da tecnologia. Trata-se de repensar como as cadeias de abastecimento operam, como os clientes são envolvidos e como a inovação se torna parte intrínseca do DNA empresarial. Trata-se de transformar dados em decisões, e decisões em valor para o cliente.
Num mercado em que a mudança é constante, aqueles que insistem em modelos ultrapassados estão condenados a perder relevância. A Shein cresceu porque compreendeu a urgência da mudança; a Zara, com os seus recursos e legado, tem tudo para se reinventar. E os outros? Quantos retalhistas tradicionais estão dispostos a encarar esta nova realidade e agir com determinação para não só sobreviver, mas prosperar?
A verdadeira pergunta é esta: estamos prontos para um futuro que não espera? Um futuro rápido, digital e exigente? A resposta não está apenas na adoção de ferramentas tecnológicas, mas na capacidade de transformar processos, liderar com propósito e inovar com urgência. A Shein e a Zara mostram que o futuro pertence aos ágeis e visionários. Quem hesitar arrisca-se a ficar para trás, enquanto os líderes da mudança marcarão a próxima página da história empresarial.
Se a sua empresa procura preparar-se para um futuro digital, ágil e centrado na sustentabilidade, considere o apoio de um consultor externo. Especialistas em cadeias de abastecimento podem ajudar a otimizar processos, implementar inovações e alinhar a sua operação com as exigências de um mercado em constante transformação. Um olhar externo pode fazer toda a diferença na construção de uma estratégia vencedora que lhe permita não só acompanhar o ritmo, mas liderar a mudança.
Pedro Ferreira Queimado | Fundador | KronoLog Solutions