Cláudia Monteiro conta com mais de 20 anos de experiência no setor financeiro. Com licenciatura e mestrado em Recursos Humanos, e pós-graduada em Gestão da Supply Chain, passou pelas áreas comercial, marketing e risco, mas foi no procurement que encontrou a sua casa. Hoje, é head of Procurement do Montepio Serviços, ACE, uma área que descobriu e que, diariamente, lhe proporciona um sentimento de começar de novo.
O que a levou a escolher esta profissão?
Gosto de acreditar que foi o procurement que me escolheu! Nunca gostei de desempenhar funções com atividades monótonas. Ao longo da minha carreira, passei pela área comercial, marketing e risco. Sempre me senti desperta a construir, a implementar e a dinamizar. Quando fui desafiada a abraçar, desde o primeiro dia, a centralização de compras no Grupo, percebi nesse momento que o procurement proporciona-me essa sensação de começar de novo, de não ter dias padronizados, e eu aprecio a mudança.
É uma função muito exigente, que pode ter dias muito desgastantes, pois trabalhamos com elevada pressão, complexidade, e pedidos constantes, mas é também por isso mesmo, muito desafiante, resultando numa função com elevado impacto estratégico.
Qual o maior desafio para uma equipa de procurement dentro da organização?
Acredito, e trabalho todos dias com esse propósito com as minhas equipas, que uma área de procurement robusta faz toda a diferença na estratégia das empresas. Por isso, o desafio é de estarmos comprometidos com a melhoria contínua, de termos a capacidade de nos adaptar muito rapidamente às mudanças do mercado, implementando soluções eficazes que aumentem a nossa eficiência e a nossa capacidade de resposta. Não nos focamos mais na ideia redutora que o procurement traduz-se apenas na redução de custos. Possuímos muitas outras vertentes.
Somos essenciais na gestão de riscos e continuidade do negócio, na inovação e qualidade, na sustentabilidade, integrando práticas de compras éticas e sustentáveis, cumprindo com as diferentes regulamentações, em termos de ESG, na conformidade e na eficiência operacional. É desafiante, pois este posicionamento como área estratégica, que não gera “apenas” economia de custos, contribuindo para a sustentabilidade, inovação e resiliência do negócio, só é possível com a construção de fortes relações de parceria internas e externas.
Três competências-chave que mais valoriza ou que considera fundamentais num profissional de compras e procurement são…?
Podia referir o que já todos sabemos de base, a negociação e gestão da relação, análise e gestão de dados, assim como capacidade de planear e de possuir um pensamento estratégico. Mas vou destacar algo, que valorizo muito nas minhas equipas e nas pessoas com quem me cruzo no mercado: a humildade, agilidade e confiança! Considero que são qualidades extremamente valiosas, num profissional de procurement, contribuindo para uma abordagem equilibrada e colaborativa em negociações, nos relacionamentos com os fornecedores e para com os clientes internos.
Pessoas humildes e ágeis, por norma manifestam maior vontade de conhecer, apresentam-se com maior coerência, rápida capacidade de adaptação, vontade de aprender, de explorar, criando relacionamentos construtivos, e alcançando muitas das vezes soluções criativas. Por outro lado, a confiança num profissional de procurement, seja na vertente de negociação, gestão de risco de fornecedores ou contratual, constrói parcerias sólidas, transmitindo respeito e segurança, tanto para dentro, quanto para fora da empresa. Estas característica são essenciais para que o negociador represente a empresa com eficácia, alcançando melhores condições e verdadeiros parceiros estratégicos.
Na minha visão, e estilo de liderança, profissionais com esta postura fortalecem o papel estratégico de procurement, ao permitir negociações bem-sucedidas, win-win e parcerias de longo prazo.
Artigo originalmente publicado na edição de janeiro da SCMedia News.