A Quilaban nomeou Ricardo Calisto como novo Chief Operating Officer (COO). Tendo já passado por setores como construção, distribuição e retalho alimentar e especializado, nas áreas de supply chain e TI, o diretor de operações entra agora nas operações do setor da saúde.

Ricardo Calisto reconhece que, apesar de serem áreas de atividade bastante distintas, o facto de ter grande parte das áreas de intervenção da empresa ajudou a aproximar as duas realidades. “As grandes prioridades e objetivos nas diferentes áreas que compõem as operações de ambos os setores de atividade também são bastante similares. Palavras como eficiência e inovação, são utilizadas quase numa base diária e continuam a fazer parte do meu quotidiano”, destaca.

Já em operações há poucos meses, afirma que o cargo tem correspondido às expectativas iniciais, e em tom de brincadeira considera que “se ainda não fui despedido, e nem tive vontade de sair, é porque alguma coisa está a correr bem para ambas as partes”. Fazendo uma analogia ao desporto, considera que tem ao seu lado uma equipa e um treinador, alinhados numa estratégia, com experiência de grandes ligas e com espírito de equipa e mentalidade de vencedor, o que fez com que este desafio fosse ainda mais fácil de aceitar.

Nos primeiros meses, destaca que pretende corresponder às expectativas de quem apostou e confiou no seu contributo para a organização, e conciliar três vertentes que considera importantes para um novo colaborador: conhecer a equipa, a organização e o setor de atividade; acompanhar as atividades programadas (e as inesperadas); e explorar e avaliar novas soluções e inovações com as quais são confrontados quase diariamente.

Desafios
O maior desafio que identificou foi ao nível dos produtos e serviços, pois sentiu que tinha um conhecimento pouco aprofundado sobre o portfólio de soluções clínicas existentes, e a cada dia que passa procura conhecer em maior detalhe as mais variadas soluções que têm ao dispor.

Apesar de considerar que ainda não conhece aprofundadamente o setor, as áreas que lidera têm desafios transversais em comum com o setor da distribuição, o que tem facilitado a adaptação a esta nova realidade e motivado para os próximos desafios. “Este projeto aliciou-me em vários aspetos, sendo que um deles estava relacionado com toda a mudança processual, tecnológica e até cultural, que os acionistas e administração pretendem levar a cabo em todas as empresas e áreas de negócio do AUGMA Group”, explica Ricardo Calisto.

Recorda que a experiência mais direta que teve com o setor da saúde foi através de um projeto que iniciou em 2013, para a criação de um grupo de farmácias em Angola, no setor da Distribuição do Grupo Teixeira Duarte. “Neste desafio em que estive diretamente envolvido, conjuntamente com algumas das minhas equipas, foram abordadas e desenvolvidas várias temáticas, como a adaptação dos dados mestres de produtos e as suas particularidades, passando pela gestão de stocks e implementação de processos automáticos de aprovisionamento e replenishment dedicados, a criação de interfaces e automatismos entre diferentes sistemas informáticos e geografias, bem como toda a envolvência dos aspetos técnicos e de qualidade específicos do setor”, lembra. Através deste projeto, o COO conseguiu ter uma visão mais detalhada sobre esta área de negócio, bem como os seus constrangimentos e desafios.

 

“O meu maior desafio atual, que é comum a muitas outras pessoas, está relacionado com um dos bens mais escassos, senão o mais escasso que existe, ou seja, o tempo!”

 – Ricardo Calisto

 

O tempo é um fator que considera importante, pois têm várias ideias, projetos e alterações estruturais por implementar, tornando-se um desafio ao qual nem sempre é possível responder, na sua grande maioria, no curto prazo e em simultâneo.

Outro que identifica é o ritmo a que a inovação tecnológica avança, colocando desafios ao nível dos produtos e soluções inovadoras, que implica uma rápida tomada de decisão, e a incerteza da sua eficácia e segurança.

Por fim, considera que o conflito geracional é também uma questão a superar, estando relacionado com a convivência simultânea de diferentes gerações e do seu alinhamento com as organizações e as suas estratégias: “as disparidades que as distinguem, por exemplo em termos de caracterização social, perfil comportamental, educação e ligação à tecnologia, torna ainda mais exigente e complexo, o papel dos líderes e das organizações em conseguir atingir um equilíbrio nas várias dimensões corporativas, mantendo a sua identidade e cultura organizacional inabaláveis”.

Tendências
Uma das tendências que aponta dentro do setor é a Inteligência Artificial (IA) / IA Generativa. Ricardo Calisto considera que a aposta em tratamento de dados e gestão da informação clínica com o apoio destas tecnologias irá auxiliar os profissionais de saúde na sua tomada de decisão, e por outro um complemento dos meios humanos, o que levará à substituição de tarefas e ao combate a dificuldades atuais, como a escassez e disponibilidade de recursos especializados.

“De forma transversal a todos os setores, é essencial que se continue a agilizar as várias etapas da cadeia de abastecimento, com a contínua cooperação entre os vários players e meios de transportes multimodais, para que, em última análise, se consiga diminuir o tempo de espera dos produtos e equipamentos, pelas instituições e pacientes”, defende o responsável, acrescentando que é também necessário haver um forte investimento na modernização de infraestruturas para que estas possam acomodar e dar resposta às necessidades dos novos equipamentos e tecnologia.

Considera também que as sinergias público-privadas são essenciais para a partilha de informação e diminuição do tempo de reação e atualização de todos os agentes envolvidos, e alerta para a importância que as entidades responsáveis pela regulamentação dos desafios impostos pela inovação tecnológica desempenham, nomeadamente no que toca à agilidade na tomada de decisão e no seu alinhamento à escala global.

“Será necessário reajustar algumas das práticas e condutas mais protecionistas, em prol da melhoria das condições de acesso e qualidade dos cuidados de saúde, para não se agudizar ainda mais as diferenças entre Estados e continentes nestes aspetos”, conclui.