O presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou taxar em 200& os vinhos europeus, uma decisão que, a confirmar-se, afetará significativamente Portugal, na medida em que os Estados Unidos constituem o segundo mercado dos vinhos nacionais.

Foi através da sua rede social, a Truth Social, que Trump deu a conhecer a sua intenção, numa reação à taxa sobre o uísque norte-americano incluída no pacote de medidas anunciado na quarta-feira pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Uma taxa que o presidente norte-americano apelida, no seu post, como “desagradável”.

Os Estados Unidos absorvem cerca de 30% das exportações anunciais de vinho da União Europeia, que lhes vendeu, em 2024, cerca de 400 milhões de euros em bebidas alcoólicas. Para Portugal, constituem mesmo o segundo maior mercado de vinhos, com 102,1 milhões de euros vendidas o ano passado. E é o principal foco de promoção: só a ViniPortugal investe mais de um milhão de euros, por ano, no mercado norte-americano.

Em declarações à comunicação social, o presidente da ViniPortugal, Frederico Falcão, afirmou que, a confirmarem-se, estas taxas podem constituir “um desastre” para os vinhos portugueses: “A imposição das tarifas representará a morte das nossas exportações para os EUA.” Sem elas, estima-se que, em 2025, o mercado norte-americano se torne o primeiro mercado para os vinhos nacionais, ultrapassando a França.

Também as associações do setor estão preocupadas com o cenário. A diretora executiva da ACIBEV – Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal. Ana Isabel Alves, considera que “dificilmente” se encontrará um mercado que, por si só, possa substituir os Estados Unidos.

E o presidente da ANCEVE – Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas, Paulo Amorim, comenta que “não é uma situação confortável para Portugal” e que “a concorrência na Europa já era brutal e vai ficar pior”.

A França representa metade das exportações de vinho europeu para os Estados Unidos e também já reagiu, pela voz do ministro do Comércio Externo, Laurent Saint-Martin. Na rede social X, afirmou que o país responderá contra a ameaça norte-americana: “Donald Trump está a intensificar a guerra comercial que decidiu lançar. A França continua determinada a ripostar com a Comissão Europeia e os nossos parceiros. Não cederemos a ameaças e protegeremos sempre as nossas indústrias.”