Os avanços tecnológicos têm dado às empresas um maior controlo sobre as suas cadeias de abastecimento, permitindo-lhes o acesso a dados em tempo real e a antecipação de disrupções. Mas estará a indústria portuguesa munida de sistemas de informação adequados? Um estudo do INEGI aponta que 65% a 80% das empresas têm algum grau de visibilidade sobre as suas cadeias de abastecimento. No entanto, na maioria dos casos, a análise dos dados carece de automação.
O estudo teve por base um inquérito a 57 empresas, de diferentes dimensões e setores. As conclusões mostram que, ao longo dos anos, têm sido feitos investimentos em tecnologias para armazenar informação e recolher dados. Mas são escassos os investimentos para extrair insights desses dados. E pouca atenção é dada à previsão de disrupções.
“As empresas enfrentam um aumento nas disrupções nas suas cadeias de abastecimento, bem como um aumento das exigências dos consumidores. É, por isso, fulcral aumentar a sua flexibilidade e resiliência. Isso passa por uma melhor visibilidade e conetividade entre as diferentes partes envolvidas nas cadeias de abastecimento. No entanto, existem diversas barreiras – algumas tecnológicas – que colocam em causa esta conetividade”, afirma Eduardo Oliveira, investigador do INEGI.
Cadeias de abastecimento: 8,8% usa inteligência artificial
De acordo com o estudo, só 7% das empresas obtêm informação relativa aos seus fornecedores de forma totalmente automática e 14% apenas mediante pedido. Já 45,6% fá-lo de forma automática na maioria das vezes e 33,3% quase sempre mediante pedido. E apenas cerca de 5% têm informação sobre perturbações. Do lado da procura, o cenário é semelhante.
No que toca à tecnologia, a maioria das empresas inquiridas utiliza a cloud e quase um quarto usa Internet of Things. Quase uma em cada cinco empresas não mostram sinais de terem iniciado o processo de digitalização e apenas 8,8% usa inteligência artificial.
“Há uma fraca sensibilização para o impacto que a melhoria da visibilidade das cadeias de abastecimento pode ter na mitigação dos efeitos de interrupções. Ainda assim, as empresas admitem que gostavam que a visibilidade das cadeias de abastecimento permitisse um melhor planeamento e relacionamento com os clientes”, destaca Eduardo Oliveira.
Este estudo foi desenvolvido no âmbito do projeto “Artificial Intelligence for Supply Chain Connectivity”, que tem como objetivo o desenvolvimento de tecnologias baseadas em inteligência artificial para promover uma maior conetividade e visibilidade nas cadeias de abastecimento.
Quer saber mais sobre o estado de visibilidade das cadeias de abastecimento em Portugal? Pode ler o artigo completo do Eduardo, na SCM #63.