Em entrevista ao Diário de Coimbra, Eduardo Feio, presidente do Conselho de Administração do Porto da Figueira da Foz, afirma que “este porto tem-se transformado cada vez mais numa plataforma logística da região Centro”.

Nos últimos anos o Porto da Figueira da Foz fechou atividade com 2,2 milhões de toneladas (2022) e 2 milhões e 20 mil toneladas (2023), posicionando este porto atrás do de Aveiro.

Eduardo Feio nota à fonte que o porto “sempre esteve historicamente muito associado à celulose, quer à madeira quer à pasta”, e que continua a ser importante para esta indústria, mas tem diversificado cada vez mais a sua carga, dando como exemplo o vidro, as argilas e o gesso.

“A ideia é ir diversificando mais, com o porto a ter possibilidade de, através da obra (de melhoramento da acessibilidade marítima) que já foi lançada e que irá acontecer nos próximos anos, de ter outro tipo de navios a entrar no porto, diversificando ainda um pouco mais as cargas do Porto da Figueira a Foz. Isto na dimensão de cais comercial do porto”, explica o presidente do Conselho de Administração.

Nesse sentido, o Porto da Figueira da Foz está a investir 20 milhões de euros, onde irão passar a poder receber navios com mais de oito metros de calado e 140 metros de comprimento. Ao mesmo tempo, também possibilitará que os navios maiores consigam dar a volta numa bacia de rotação, removendo um pouco dos molhos que se encontram ao lado dos estaleiros.

O cais será reforçado, avançando uns metros para a água, de forma a permitir receber navios de maior dimensão, e ao nível das acessibilidades e de navegação, “terá um impacto positivo na zona de navegação comercial, mas também na pesca”.

“Este porto tem-se transformado cada vez mais numa plataforma logística da região Centro e, depois da conclusão da obra de aprofundamento do caudal de navegação, poderá integrar o hinterland, tocando uma parte mais ibérica e afirmando-se cada vez mais como um Porto Nacional”

– Eduardo Feio, presidente do Conselho de Administração do Porto da Figueira da Foz.

A administração do Porto da Figueira da Foz também gere o de Aveiro, que conta com um protocolo com Salamanca e o qual pretendem estender também à Figueira da Foz. “Somos uma única administração e vemos cada vez mais os dois portos de forma integrada e articulada de forma a tirarmos o melhor partido dos dois e potenciá-los. Por isso, quando falamos em hinterland, referimo-nos a ambos”, refere ainda durante a entrevista.

Eduardo Feio revela que assim que o novo regulamento das redes transeuropeias, o Porto da Figueira da Foz passa a ser um porto da “rede comprising”, passando a estar nas redes europeias. O foreland do Porto da Figueira da Foz (de onde vêm as cargas e para onde vão, via marítima) já compreende a Europa toda, o norte de África, até à Turquia. “Há pouco mais de 1.200 portos na Europa, há 300 e poucos na transeuropeia, e a Figueira da Foz vai ser um deles, com rodovia, ferrovia, portos e questões das energias associadas”, explica, acrescentando que assim o porto passará a ter acesso a verbas para investimentos.

“Há mil e uma dimensões em que os portos podem colaborar e capacitar o país para o conhecimento e para a inovação”, conclui Eduardo Feio.